DE BUENOS AIRES

A primeira biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva escrita por um argentino começa contando a história do ex-assessor petista pego no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil na cueca. O primeiro capítulo é intitulado "Rouba, mas faz". O livro, escrito por um jornalista argentino, será lançado na próxima quarta-feira em Buenos Aires.
"Lula, a esquerda no divã: uma biografia não-autorizada e a difícil relação com Kirchner", da editora Catálogos (sem previsão de publicação no Brasil), dedica suas 384 páginas a contar e analisar a trajetória do petista, da infância pobre à candidatura à reeleição após os escândalos de corrupção. Lula não falou com o jornalista.
O autor, Ceferino Reato, editor de assuntos internacionais do jornal argentino "Perfil", ex-correspondente em SP da agência de notícias italiana Ansa, compara Lula ao ex-presidente argentino Carlos Menem, por serem "intuitivos, astutos, carismáticos", "que não gostam da rotina administrativa".
O autor descreve um Lula "que, antes, se apresentava como campeão da ética" e despontava como líder regional da América Latina, mas que, com o escândalo do mensalão, "perdeu dinamismo" e "a bandeira da ética, que o legitimava". Reato afirma que isso é fundamental para explicar o crescimento da influência do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na América do Sul e na própria Argentina.
Para ele, Lula tem imagem positiva no país. "Pesquisas indicam que, em 2003, quando ganhou [o presidente, Néstor] Kirchner, Lula tinha 63% de imagem positiva. Os analistas diziam que, se Lula fosse candidato, ganharia. Era considerado uma das dez pessoas ou grupos mais influentes da Argentina", diz o jornalista.
(BRUNO LIMA)


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