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Caçula entre os partidos, PRB aproxima Lula dos evangélicos
Controlada pela Universal, legenda perde bancada de dois "sanguessugas"
DA REPORTAGEM LOCAL
Caçula dos 29 partidos brasileiros, registrado oficialmente
no Tribunal Superior Eleitoral
em março deste ano, o Partido
Republicano Brasileiro (PRB) é
uma incógnita política que dá
suporte ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo na
estratégia de aproximação com
os evangélicos. A legenda que
abriga o vice-presidente, José
Alencar, é controlada por religiosos da Igreja Universal, apesar de seus principais líderes
negarem essa ligação.
A relação do partido com a
igreja é tratada como tabu, o
que dificulta o acesso a seus
principais dirigentes.
A Folha passou uma semana
à procura do Bispo Natal Wellington Rodrigues Furucho,
que aparece no site do TSE como presidente da legenda. Na
sede do partido, em Brasília,
ninguém informava se Natal
estava na capital.
Em clima de mistério, os
atendentes não explicam qual
função exercem. Informaram
que não havia assessoria de imprensa. Após vários contatos,
forneceram telefone do Rio.
A linha é do departamento
de projetos da Igreja Universal.
Lá, a reportagem foi orientada
a procurar Vitor Paulo dos Santos, atual presidente nacional
do PRB, e recebeu outro número para falar com Natal, onde
funciona o comitê central do
senador Marcelo Crivella, candidato ao governo do Estado.
Troca-troca
Em 30 de junho, o PRB informou ao TSE a mudança na presidência. Vitor Paulo era presidente da legenda em SP. O tribunal aguarda despacho oficial
para alterar os nomes no site.
Natal agora é coordenador geral e financeiro da campanha
de Crivella, o único candidato
majoritário da legenda no país.
No PRB, em SP, também é difícil desvendar por onde andam
os dirigentes da legenda. A Folha conversou com a assessoria
de imprensa de Vitor Paulo por
uma semana e enviou e-mails.
Em nenhum momento foi avisada que ele havia se tornado o
presidente nacional do PRB.
Vitor Paulo só foi localizado
em celular (veja entrevista). Na
convenção nacional de 24 de
junho, quando foi formalizada
a candidatura de Lula à reeleição na coligação PT-PRB, ele
era o representante da legenda.
Natal retornou as ligações da
Folha na noite de sexta-feira.
Explicou que deixou a presidência para se dedicar "full time" à campanha de Crivella.
Disse estar licenciado há sete
anos das tarefas religiosas e que
atua na administração de empresas ligadas à Universal.
Segundo Natal, o nanico PRB
poderá eleger bancada de 15 a
16 deputados federais.
A aposta da legenda para ultrapassar a cláusula de barreira
(obrigatoriedade de atingir 5%
dos votos válidos para a Câmara em até nove Estados) é lançar nomes badalados nos Estados, como o da ex-primeira-dama Rosane Collor, em Alagoas.
O cantor de pagode Netinho, do
Negritude Jr., era outra aposta,
abandonada no meio do caminho, sem maiores explicações.
A saída de José Alencar da legenda logo após a eleição, segundo ele, é "boato". "Na fundação do PRB, nosso momento
mais difícil, o José Alencar estava conosco. Temos uma relação de ideologia", afirma.
Os dois únicos deputados do
PRB, Vieira Reis (RJ) e José Divino (RJ), foram citados na máfia dos sanguessugas e deixaram a legenda. O partido, hoje
com 3.295 filiados, não deve ultrapassar a cláusula de barreira.
(MALU DELGADO)
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