São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Alckmin se escora em estratégia de 2002

Marqueteiros apontam riscos em repetir no âmbito nacional fórmula de campanha que levou o tucano ao Bandeirantes

O fato de Lula estar mais forte que Maluf, adversário do PSDB em 2002, e de contar com a máquina pública, estão entre os riscos


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

MICHELE OLIVEIRA

Sob pressão do PFL e de parte do PSDB, que pedem ataques diretos ao presidente Lula (PT), o tucano Geraldo Alckmin tem buscado na campanha vitoriosa ao governo paulista em 2002 argumentos para justificar seus programas "propositivos" de televisão.
A estratégia do presidenciável do PSDB em seu espaço do horário eleitoral gratuito é praticamente a mesma com a qual derrotou Paulo Maluf (PP) e José Genoino (PT) na disputa pelo governo paulista em 2002.
Naquele ano, o comando da comunicação da campanha também estava com o jornalista Luiz Gonzalez, que nesta primeira semana de programas investiu em "apresentar" Alckmin, sem ataques diretos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quando Alckmin ainda estava à frente do governo, Gonzalez ressaltou sua biografia, apresentou-o como "Geraldo" e investiu no vínculo com Mário Covas (1930-2001), de quem o tucano fora vice.
Nos dois programas deste ano, o marqueteiro fez a mesma coisa. "Em 2002, quando mudou o horário da novela, ou seja, quando começou o horário eleitoral, os institutos diziam que eu poderia perder no primeiro turno", afirma Alckmin, quando questionado sobre a vantagem de Lula nas pesquisas de intenção de voto.
Segundo o Datafolha, em 19 de agosto de 2002, um dia antes do horário eleitoral na TV, Maluf tinha 40% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin e 10% de Genoino. O tucano acabaria eleito no segundo turno ao bater o oponente petista.
O tema da corrupção também pautava a eleição quando Maluf, alvo de inquéritos por desvios de verbas públicas, ainda liderava as pesquisas. Mas o tucano relutava em atacá-lo na TV. A tarefa coube aos programas de rádio e aos candidatos a deputado estadual, que usavam parte de seu tempo na TV para bater no ex-prefeito. Nesta ano, a estratégia também se repete.

Alto risco
A Folha conversou com marqueteiros ligados ao PSDB e ao PT sobre essa estratégia. Todos reconheceram ser uma fórmula vencedora, mas ressaltaram que se trata de uma aposta arriscada por cinco pontos: a) Alckmin não tem mais o Estado nas mãos; b) Lula está mais forte do que Maluf estava em 2002, além de contar com a máquina pública; c) os programas estão muito centrados em São Paulo; d) a disputa pelo Planalto é mais dinâmica; e) o programa até agora repete truques das campanhas de Fernando Henrique e Mário Covas, em 1994 e 1998, e de José Serra, em 2002 e em 2004.


Texto Anterior: Petista exalta obras; tucano critica sua falta
Próximo Texto: Horário eleitoral começou com ataques em 2002
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.