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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Alckmin se escora em estratégia de 2002
Marqueteiros apontam riscos em repetir no âmbito nacional fórmula de campanha que levou o tucano ao Bandeirantes
O fato de Lula estar mais forte que Maluf, adversário do PSDB em 2002, e de contar com a máquina pública, estão entre os riscos
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
MICHELE OLIVEIRA
Sob pressão do PFL e de parte do PSDB, que pedem ataques
diretos ao presidente Lula
(PT), o tucano Geraldo Alckmin tem buscado na campanha
vitoriosa ao governo paulista
em 2002 argumentos para justificar seus programas "propositivos" de televisão.
A estratégia do presidenciável do PSDB em seu espaço do
horário eleitoral gratuito é praticamente a mesma com a qual
derrotou Paulo Maluf (PP) e
José Genoino (PT) na disputa
pelo governo paulista em 2002.
Naquele ano, o comando da
comunicação da campanha
também estava com o jornalista Luiz Gonzalez, que nesta primeira semana de programas investiu em "apresentar" Alckmin, sem ataques diretos ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Quando Alckmin ainda
estava à frente do governo,
Gonzalez ressaltou sua biografia, apresentou-o como "Geraldo" e investiu no vínculo com
Mário Covas (1930-2001), de
quem o tucano fora vice.
Nos dois programas deste
ano, o marqueteiro fez a mesma coisa. "Em 2002, quando
mudou o horário da novela, ou
seja, quando começou o horário eleitoral, os institutos diziam que eu poderia perder no
primeiro turno", afirma Alckmin, quando questionado sobre a vantagem de Lula nas pesquisas de intenção de voto.
Segundo o Datafolha, em 19
de agosto de 2002, um dia antes
do horário eleitoral na TV, Maluf tinha 40% das intenções de
voto, contra 24% de Alckmin e
10% de Genoino. O tucano acabaria eleito no segundo turno
ao bater o oponente petista.
O tema da corrupção também pautava a eleição quando
Maluf, alvo de inquéritos por
desvios de verbas públicas, ainda liderava as pesquisas. Mas o
tucano relutava em atacá-lo na
TV. A tarefa coube aos programas de rádio e aos candidatos a
deputado estadual, que usavam
parte de seu tempo na TV para
bater no ex-prefeito. Nesta ano,
a estratégia também se repete.
Alto risco
A Folha conversou com
marqueteiros ligados ao PSDB
e ao PT sobre essa estratégia.
Todos reconheceram ser uma
fórmula vencedora, mas ressaltaram que se trata de uma
aposta arriscada por cinco pontos: a) Alckmin não tem mais o
Estado nas mãos; b) Lula está
mais forte do que Maluf estava
em 2002, além de contar com a
máquina pública; c) os programas estão muito centrados em
São Paulo; d) a disputa pelo
Planalto é mais dinâmica; e) o
programa até agora repete truques das campanhas de Fernando Henrique e Mário Covas, em 1994 e 1998, e de José
Serra, em 2002 e em 2004.
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