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ELDORADO DO CARAJÁS
Acusação alega que questão feita a jurados foi irregular
Promotor pedirá novo
julgamento de oficiais
da Agência Folha, em Belém
e do enviado especial a Belém
O promotor responsável pela acusação dos 150 policiais militares envolvidos no massacre de Eldorado do
Carajás (sul do Pará), Marco Aurélio Nascimento, vai pedir ao TJ
(Tribunal de Justiça) do Pará a
anulação do julgamento que absolveu os comandantes das tropas
ontem de madrugada.
Para Nascimento, houve quatro
fatos durante o julgamento do coronel Mário Colares Pantoja, do
major José Maria Oliveira e do capitão Raimundo Almendra Lameira que podem anulá-lo.
As duas principais são a questão
feita aos jurados sobre a insuficiência de provas e as afirmações
do jurado Sílvio Queiroz Mendonça nas últimas perguntas antes da votação.
No final do julgamento, o jurado pediu para ver novamente a fita de vídeo que mostra cenas do
confronto entre os policiais e os
sem-terra, em 1996.
Com uma caneta de luz, Mendonça apontou a fumaça saindo
do lado dos sem-terra e afirmou:
"Agora fica comprovado que havia sem-terra armados no começo do conflito". Pelo Código Penal, os jurados não podem emitir
opinião durante o julgamento, já
que o voto é secreto.
Quanto à questão sobre insuficiência de provas, que acabou absolvendo os réus, Nascimento
disse que a pergunta não poderia
ser feita por dois motivos. Primeiro, porque já estava implícita nas
duas primeiras perguntas feitas
aos jurados. Eles responderem se
as lesões foram produzidas e se
elas causaram a morte dos 19
sem-terra no dia 17 de abril de
1996, em Eldorado do Carajás.
Segundo porque a questão era
subjetiva e os jurados devem se
deter aos fatos.
Além disso, Nascimento afirmou que o juiz Ronaldo Valle não
aceitou documentos levados aos
autos dentro do prazo legal.
Entre os documentos estavam
fitas com reportagens sobre as
viúvas das vítimas e o trabalho
feito na vila 17 de Abril, antiga fazenda Macaxeira, desapropriada
após o massacre.
O quarto argumento para o pedido de nulidade do julgamento
seria a irregularidade na documentação da defesa.
Uma carta do padre Luigi Muraro criticando o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) foi usada pela defesa
dos policiais militares. Segundo o
promotor, essa carta não tinha sido autenticada.
Para Nascimento, os argumentos da acusação foram mais convincentes que os da defesa, mas
esses problemas teriam impedido
a condenação. "Ganhamos, mas
não levamos."
(LUÍS INDRIUNAS e LUCAS FIGUEIREDO)
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