São Paulo, Sexta-feira, 20 de Agosto de 1999
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O JURADO
Opinião pode anular julgamento

da Agência Folha

e do enviado especial

O jurado Sílvio Queiroz Mendonça, que acabou emitindo sua opinião no julgamento do massacre de Eldorado do Carajás, foi o que mais perguntou durante os três dias da primeira fase do julgamento.
Durante o depoimento do governador Almir Gabriel (PSDB), Mendonça gastou cerca de 40 minutos perguntando e tirando dúvidas sobre as ordens que foram dadas aos comandantes das tropas.
Mendonça é contador do Tribunal de Contas do Estado. Casado e pai de dois filhos, foi o último dos jurados a ser sorteado. Ele só fez parte do júri porque a acusação e a defesa rejeitaram quatro outros nomes.
No primeiro dia, ele apontou uma contradição no depoimento do major José Maria Oliveira, comandante das tropas de Parauapebas na época do conflito.
Oliveira disse que, depois do tiroteio, teria ido a Curionópolis e voltado ao local do conflito em duas horas. "Como ele conseguiu ir e voltar às 19h se o confronto acabou por volta das 18h?", perguntou o jurado.
Nas últimas perguntas aos advogados, Mendonça pediu para assistir novamente a fita de vídeo com cenas do confronto.
Com uma caneta de luz na mão, apontou para uma fumaça saindo do lado dos sem-terra e disse que "agora fica comprovado que havia sem-terra armado no começo do conflito".
O juiz Ronaldo Valle o advertiu que não poderia manifestar sua opinião. Mendonça então retrucou: "Eu pedi para o senhor me orientar".
Por causa de sua afirmação, o Ministério Público vai requerer a anulação do julgamento.


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