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ELDORADO DO CARAJÁS
Oficiais da PM prevêem que absolvição vá alterar comportamento de soldados no Estado
Resultado é comemorado por policiais
do enviado especial a Belém
e da Agência Folha, em Belém
Os policiais militares que faziam a
segurança do julgamento de Eldorado
do Carajás comemoraram, na madrugada de ontem, a absolvição
dos comandantes da operação.
Oficiais da PM do Pará ouvidos
pela Folha ontem disseram que a
decisão do júri deve alterar a atitude dos policiais militares daqui
para frente -policiais estariam
sem motivação para lidar com
problemas de terra no Estado.
Por volta das 3h, soldados que
faziam a segurança do auditório
da Universidade da Amazônia,
onde está sendo realizado o julgamento, aproveitaram que o público já tinha ido embora e comemoraram a absolvição dos comandantes com abraços e sorrisos.
A reportagem apurou que a Polícia Federal teme um acirramento dos conflitos envolvendo sem-terra no sul do Pará -a região rural mais violenta do país, onde fica Eldorado.
A maior preocupação da PF é
com relação às invasões que
acontecem na fazenda Cabaceiras, em Marabá (sul do Estado).
Sem-terra já invadiram duas vezes a fazenda neste ano, mas acabaram saindo.
A avaliação reservada da PF é
que até agora não houve maiores
problemas na área porque a PM
estava intimidada com o julgamento dos 150 policiais envolvidos no caso do massacre de Eldorado do Carajás.
Com a eventual confirmação da
absolvição, após recurso, a PF
avalia que a PM tende a não ter
uma atitude defensiva em conflitos rurais.
Outra preocupação é com a fazenda Goiás 2, em Parauapebas,
município distante 66 km de Eldorado do Carajás.
A propriedade foi invadida por
sem-terra em março do ano passado. Dois sem-terra foram mortos em confronto com policiais
militares em 98, mas a fazenda
continua invadida.
Depois da morte dos 19 sem-terra, em abril de 1996, a PM deixou de promover operações de
reintegração de posse no sul do
Pará sem autorização judicial.
No caso do massacre de Eldorado, a ação foi determinada por
uma ordem do governador do Estado, Almir Gabriel (PSDB), e não
contava com respaldo de um juiz
ou do Ministério Público.
Oficiais da PM dizem, sem se
identificar, que agora terão mais
""legitimidade" para trabalhar.
Para eles, a possibilidade de
condenação dos três principais
oficiais do caso de Eldorado estava fazendo com que a corporação
tivesse ""menos motivação" para
agir em operações envolvendo
sem-terra.
(LUCAS FIGUEIREDO e LUÍS INDRIUNAS)
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