São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 2000

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DISSE-QUE-DISSE
Saiba como aporrinhar seu político predileto

LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual o seu político predileto?
No caso de político, predileção não quer dizer apenas que você vota no cidadão, acompanha com interesse sua carreira, feitos e glórias.
Conheço muita gente que tem seu político predileto para pegar no pé, perseguir, cobrar, aporrinhar.
Para esses -e para quem mais se interesse em ter uma atitude ativa nesse campo de tantas frustrações e desenganos-, surgiu uma ferramenta muito valiosa, o livro "Como Enlouquecer um Político" (Editora Matrix, 124 págs., R$ 14).
O autor, Edvan Antunes, publicitário de profissão e autor de uma coletânea de frases de pára-choque de caminhão, é sobretudo um gozador. Mas um gozador que leva a sério o que faz.
Seu pequeno livro é um achado: dá dicas, sugestões, sugere estratégias, fornece frases feitas, ou seja, tudo o que o eleitor indignado precisa para apoquentar todo aquele que arrumou uma boquinha por intermédio de votos e diz daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Como enlouquecer um político - é o mais longo, com 171 (número do Código Penal que enquadra os estelionatários) dicas do tipo: ofereça para a Câmara Municipal o sistema de código de barras, para ficar mais fácil saber o preço de cada um; pergunte ao cozinheiro do prefeito se o prato preferido dele ainda é o tutu; presenteie o alcaide com uma geladeira para ele guardar as notas frias.
Kit pariu - indispensável ao político "mala-sem-alça". Contém óleo de peroba, telefone de um advogado de porta de cadeia, valise com fundo valso etc.
Tipos de vereador - vai do "Carla Perez", que não passa de um bundão, ao "Bill Gates", que não sabe mais onde põe dinheiro. Passando pelo "Magda", que só diz besteira, e pelo "Mike Tyson", que mete a mão.
Bate-bola com o prefeito - simula entrevista que revela o "lado gente" de um prefeito, como sua vontade de governar Miami, sua comida preferida (pizza) ou a frase predileta ("Quero minha parte em dinheiro").
Vereador em exercício - pode ser levantamento de verba, campeonato de conversa fiada ou drible na legislação, entre outras modalidades.
Culinária política - fornece receitas de pratos como bode expiatório frito, curau eleitoral ou tutu à moda da casa da moeda.
A última do político - uma seleção hilária de piadinhas. Uma delas: "Você sabe quando um político está mentindo? É quando os lábios dele se movem".
Enfim, trata-se de "literatura" indispensável para estes tempos de eleição.

Na semana passada perguntei aqui se o leitor/eleitor é a favor ou contra o voto obrigatório. Das 78 respostas que recebi via e-mail (e pelas quais agradeço muito), a maioria (70) é a favor do voto facultativo, 6 eleitores são contra, 1 gostaria que o voto nulo constasse como opção oficial para o eleitor, e 1 me mandou plantar batatas.
Argumento mais comum a favor do voto facultativo: liberdade de expressão e livre-arbítrio.
Argumento contra: a não-obrigatoriedade favoreceria a compra de votos e manipulação dos eleitores, mais do que já ocorre hoje.
Argumento a favor da inclusão do voto nulo na urna eletrônica: ao obrigar o eleitor ao comparecimento e não oferecer a opção do voto nulo ou branco, despreza-se "sumariamente" sua ideologia.
Argumento para me mandar plantar batatas: não houve.
caversan@uol.com.br



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