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DISSE-QUE-DISSE
Saiba como aporrinhar seu político predileto
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual o seu político predileto?
No caso de político, predileção não quer dizer apenas que
você vota no cidadão, acompanha com interesse sua carreira,
feitos e glórias.
Conheço muita gente que tem
seu político predileto para pegar
no pé, perseguir, cobrar, aporrinhar.
Para esses -e para quem mais
se interesse em ter uma atitude
ativa nesse campo de tantas frustrações e desenganos-, surgiu
uma ferramenta muito valiosa, o
livro "Como Enlouquecer um Político" (Editora Matrix, 124 págs.,
R$ 14).
O autor, Edvan Antunes, publicitário de profissão e autor de
uma coletânea de frases de pára-choque de caminhão, é sobretudo
um gozador. Mas um gozador
que leva a sério o que faz.
Seu pequeno livro é um achado:
dá dicas, sugestões, sugere estratégias, fornece frases feitas, ou seja,
tudo o que o eleitor indignado
precisa para apoquentar todo
aquele que arrumou uma boquinha por intermédio de votos e diz
daqui não saio, daqui ninguém
me tira.
Como enlouquecer um político
- é o mais longo, com 171 (número
do Código Penal que enquadra os
estelionatários) dicas do tipo: ofereça para a Câmara Municipal o
sistema de código de barras, para
ficar mais fácil saber o preço de
cada um; pergunte ao cozinheiro
do prefeito se o prato preferido
dele ainda é o tutu; presenteie o
alcaide com uma geladeira para
ele guardar as notas frias.
Kit pariu - indispensável ao político "mala-sem-alça". Contém
óleo de peroba, telefone de um
advogado de porta de cadeia, valise com fundo valso etc.
Tipos de vereador - vai do
"Carla Perez", que não passa de
um bundão, ao "Bill Gates", que
não sabe mais onde põe dinheiro.
Passando pelo "Magda", que só
diz besteira, e pelo "Mike Tyson",
que mete a mão.
Bate-bola com o prefeito - simula entrevista que revela o "lado gente" de um prefeito, como
sua vontade de governar Miami,
sua comida preferida (pizza) ou a
frase predileta ("Quero minha
parte em dinheiro").
Vereador em exercício - pode
ser levantamento de verba, campeonato de conversa fiada ou drible na legislação, entre outras
modalidades.
Culinária política - fornece receitas de pratos como bode expiatório frito, curau eleitoral ou tutu
à moda da casa da moeda.
A última do político - uma seleção hilária de piadinhas. Uma
delas: "Você sabe quando um político está mentindo? É quando os
lábios dele se movem".
Enfim, trata-se de "literatura"
indispensável para estes tempos
de eleição.
Na semana passada perguntei
aqui se o leitor/eleitor é a favor ou
contra o voto obrigatório. Das 78
respostas que recebi via e-mail (e
pelas quais agradeço muito), a
maioria (70) é a favor do voto facultativo, 6 eleitores são contra, 1
gostaria que o voto nulo constasse
como opção oficial para o eleitor,
e 1 me mandou plantar batatas.
Argumento mais comum a favor do voto facultativo: liberdade
de expressão e livre-arbítrio.
Argumento contra: a não-obrigatoriedade favoreceria a compra
de votos e manipulação dos eleitores, mais do que já ocorre hoje.
Argumento a favor da inclusão
do voto nulo na urna eletrônica:
ao obrigar o eleitor ao comparecimento e não oferecer a opção do
voto nulo ou branco, despreza-se
"sumariamente" sua ideologia.
Argumento para me mandar
plantar batatas: não houve.
caversan@uol.com.br
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