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ORÇAMENTO 2003
Ministro afirma que contingenciamento é "temporário" e atingirá todos as pastas; governo espera arrecadação melhor
Mantega diz que corte será menor que R$ 1 bi
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo corte no Orçamento
deste ano deverá atingir todos os
ministérios, mas será inferior a R$
1 bilhão e terá um caráter "temporário". As informações foram dadas ontem pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega.
O ministro explicou que as receitas estão dando sinais de recuperação em setembro. Se essa tendência for confirmada até outubro, isso pode resultar em uma reversão dos cortes em novembro.
De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo tem
que fazer uma avaliação bimestral
das contas públicas e ajustar o Orçamento caso a meta fiscal (economia de receitas para pagamento de juros) do ano esteja ameaçada. A avaliação do bimestre julho/agosto tem de ser feita até segunda-feira. "Se houver contingenciamento, ele será pequeno e
provisório porque nós já temos
recuperação de receitas", disse
Mantega ao sair de uma palestra
para investidores estrangeiros na
Embaixada do Reino Unido.
Técnicos do Ministério do Planejamento afirmam que o corte
deve ficar em torno de R$ 600 milhões, que coincide com a perda
de arrecadação de impostos verificada em agosto.
A arrecadação teve uma queda
de R$ 2,4 bilhões entre janeiro e
agosto por causa da redução do
nível de atividade da economia e
de liminares judiciais contra o pagamento de alguns tributos. Esta
semana foi derrubada a última liminar contra o pagamento da Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis), mas Mantega afirmou que esse ganho já estava embutido nas previsões atuais
de arrecadação.
Os sinais de recuperação das receitas vêm sendo dados pela
CPMF das primeiras semanas de
setembro e pelo ICMS (Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que é estadual,
mas também vem rendendo mais
nas últimas semanas.
O governo cortou R$ 14,1 bilhões do Orçamento deste ano em
fevereiro, mas em julho liberou
R$ 1,5 bilhão. Com essas mudanças, a programação deste ano ficou com receitas totais da ordem
de R$ 361,3 bilhões.
Os técnicos do governo chegaram a trabalhar com a possibilidade de corte de R$ 2 bilhões, caso
o crescimento do PIB para 2003
fosse revisto de 2% para 0,5% como calculou o Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
Mas o próprio ministro do Planejamento disse esta semana que
o Ipea projetou um número "excessivamente pessimista". Segundo ele, o governo trabalha com
um crescimento em torno de 1%
para 2003. As estimativas para o
PIB afetam as previsões sobre a
arrecadação de impostos.
O governo também espera uma
colaboração maior das empresas
estatais na meta de economia de
receitas para pagamento de juros.
No início do ano, o resultado esperado para as estatais era de R$
11,2 bilhões. Ontem, Mantega falou em R$ 12 bilhões. Um aumento do resultado das estatais reduz
a necessidade de ajuste nas contas
do governo central ( que inclui
Tesouro Nacional, Previdência
Social e Banco Central).
Sobre o Orçamento de 2004,
que também precisa de ajustes
por causa das despesas criadas
pela reforma tributária, Mantega
disse que uma das soluções pode
ser uma revisão das receitas. Para
ele, o crescimento da economia
em 2004 poderá ser superior a
3,5%, elevando a arrecadação.
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