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Auditora da Receita agora reconhece
que uma empresa de EJ foi fiscalizada
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A auditora da Receita Federal
Rosa Maria Oliveira disse à Folha
que ainda pairam "dúvidas" sobre as investigações do caso
Eduardo Jorge Caldas Pereira. Ela
afirmou que não foi feito o devido
trabalho de fiscalização em empresas ligadas a EJ.
Em depoimento prestado ao
Ministério Público Federal na semana passada, ela disse que recebera determinação vinda do ex-secretário da Receita Everardo
Maciel para que somente EJ e sua
mulher, Lídice Coelho Caldas Pereira, fossem fiscalizadas.
Ela agora reconhece que uma
das empresas, a EJP Consultores
Associados, foi fiscalizada.
Folha - Em depoimento ao Ministério Público em 2001, a sra. disse
que não havia sofrido pressão para
que a fiscalização fosse logo encerrada, o que contradiz o que a sra. e
o auditor Seixas Neto disseram ao
Ministério Público recentemente.
Rosa Maria Oliveira - Aquilo [o
depoimento] foi em abril de 2001,
as pressões não estavam claras, só
se intensificaram depois.
Folha - O trabalho da Receita teria de ter avançado mais?
Oliveira - Sim, até para esclarecer se as denúncias do Ministério
Público procediam ou não.
Folha - EJ enviou à reportagem
documentos que comprovariam
que a sra. e o auditor Seixas Neto
teriam fiscalizado uma de suas empresas, a LC Faria. A sra. confirma?
Oliveira - Não, o que houve foi
uma diligência, na qual pedimos
os livros e os documentos que
comprovassem o pagamento dos
lucros declarados por ele [EJ].
Folha - Vocês precisariam de uma
ordem superior para fiscalizar?
Oliveira - Sim, precisaríamos de
um MPF (mandado de procedimento fiscal).
Folha - Em depoimento recente
ao Ministério Público, a sra. disse
ter recebido ordem de Everardo
Maciel para fiscalizar apenas as
pessoas físicas de EJ e sua mulher.
Oliveira - Recebemos um memorando da Coordenação de Fiscalização encaminhando o ofício
dos procuradores do Ministério
Público. No ofício havia várias denúncias, envolvendo outras pessoas físicas e várias empresas, e a
solicitação de procedimento fiscal
nessas pessoas físicas e jurídicas.
Mas recebemos determinação
apenas de fiscalizar EJ e sua mulher, pessoas físicas.
Folha - Essa determinação do ex-secretário veio por escrito?
Oliveira - Sim. O ofício do Ministério Público traz um despacho
do Everardo Maciel para a Cofis.
Folha - O que dizia no despacho?
Oliveira - Dizia à Cofis para determinar a abertura de procedimento fiscal em EJ e Lídice.
Folha - Em algum momento vocês
entenderam que seria preciso
avançar nas investigações?
Oliveira - Sim, esse ofício [do
Ministério Público] foi motivo de
reuniões entre a gente e a nossa
chefe de fiscalização [Elizabeth
Pinheiro], que depois determinou
que uma dessas empresas citadas
no ofício fosse fiscalizada.
Folha - Qual empresa?
Oliveira - EJP.
Folha - No depoimento você disse
que nenhuma empresa havia sido
fiscalizada.
Oliveira - Eu quis dizer que nenhuma empresa havia sido fiscalizada por nós [a EJP foi fiscalizada
pelo auditor Luciano Calixto].
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