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"Curral eleitoral" não existiu, diz presidente do PT
DA REPORTAGEM LOCAL
Dirigentes do PT disseram ontem que "não há nenhuma possibilidade" de que as irregularidades ocorridas na eleição interna
do partido, realizadas anteontem,
interfiram no resultado final da
disputa. Segundo o presidente interino da legenda, Tarso Genro,
não houve "curral eleitoral" na
sucessão petista.
As principais denúncias envolvem transporte de filiados para
votação, o que é proibido, e pagamento indevido de contribuições
partidárias em atraso a militantes.
"Meia dúzia de recursos não vão
desconstituir essa enorme vitória
do PT de realizar uma eleição com
essa dimensão no momento que
estamos vivendo", disse Tarso,
comemorando a estimativa de
que quase 250 mil petistas participaram das eleições internas.
Defendendo a tese de que problemas ocorrem em qualquer
processo eleitoral, Tarso afirmou
as suspeitas de fraude são "um
exagero de pessoas que não têm
compromisso com o projeto do
PT e seu resgate ou que através da
formação de opinião torcem para
que as eleições não dêem certo".
O candidato à presidência do
PT que mais demonstrou preocupação com as irregularidades foi
Plínio de Arruda Sampaio, apoiado pela corrente radical Ação Popular Socialista. Ele e seus colaboradores pretendem elaborar um
"dossiê nacional" sobre as eventuais fraudes para apresentar recursos nos diretórios estaduais
petistas -instância na qual os recursos devem ser protocolados
até sexta-feira.
Sampaio ameaça deixar o PT
caso o partido "deixe de ser instrumento" de mudanças sociais,
em discordância à permanência
do Campo Majoritário no controle da legenda. As denúncias de
fraude, segundo seus colaboradores, devem impedir seu alinhamento a outro candidato se ele
não for para o segundo turno.
Todas as contestações serão
analisadas até quarta-feira da semana que vem. Acatadas ou rejeitadas, ainda haverá possibilidade
de recurso no Diretório Nacional
do PT. "É preciso que as pessoas
mostrem provas contundentes",
afirmou o coordenador do PED
(Processo Eleitoral Direto), Francisco Campos, para quem os problemas enfrentados nesta disputa
foram menores do que os ocorridos em 2001, quando o partido escolheu a direção por eleição direta
pela primeira vez.
Integrante da corrente Democracia Socialista, do candidato
Raul Pont, Joaquim Soriano diz
que também pretende denunciar
irregularidades nas eleições. Disse
que, mesmo que impugnações de
urnas não interfiram no resultado, os recursos serão protocolados.
(CONRADO CORSALETTE E FLÁVIA MARREIRO)
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