São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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OUTRO LADO

Reuniões são fora do expediente, diz coordenador

DO ENVIADO ESPECIAL

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O coordenador estadual do Programa de Segurança Alimentar do governo de Mato Grosso do Sul, Neriberto Pamplona, 41, disse que reuniões de funcionários do órgão com a população carente, para pedir votos a candidatos do PT, têm sido feitas "a pedido dos moradores" e fora do horário de expediente, que vai das 7h às 13h.
Pamplona disse que ele próprio participa de alguns desses encontros, nos quais são pedidos votos para petistas. "Eu sou informado de todas as reuniões políticas." Ele disse que os nomes anotados nos encontros são de famílias "em extrema necessidade", só atendidas após a comprovação da gravidade do caso e autorização judicial.
Segundo ele, os nomes e endereços anotados na reunião do bairro Monte Castelo, que foi acompanhada pela Folha, "vão entrar na fila dos cadastros normalmente", para serem analisados, e as cestas de alimentos, se forem liberadas, só chegarão às famílias depois das eleições.
Um decreto do governador Zeca do PT de 21 de agosto último veda a inclusão de novas famílias no programa até novembro. Pamplona disse que as palestras servem para o programa se contrapor ao que chama de "terrorismo da oposição". Segundo ele, foram espalhados boatos de que o programa seria encerrado.
"As famílias são muito humildes, qualquer coisa que se fala, elas acreditam", disse. "Agora, nós vamos ficar quietos?"
O coordenador não vê problema se "uma funcionária" do programa anota nomes e endereços de pessoas. "Fora do horário de expediente, ela pode fazer o que quiser", disse.
Isabel Alvarenga, coordenadora do PSA em Campo Grande que pediu votos a Lula e Zeca na reunião em Monte Castelo, disse que a anotação das famílias ocorreu "em um ou outro caso, porque são famílias que depois não vamos ter como localizar".

"Esclarecimentos"
Segundo Isabel, a reunião foi para dar "esclarecimentos" às famílias. A dona da casa onde houve o encontro, de acordo com ela, é "militante do PT".
"A gente vai lá trabalhar com a consciência, [falar sobre" o que era o governo antes do Zeca e o que é o governo depois do Zeca", disse Isabel.
"Depois do meu horário de trabalho, eu tenho liberdade para fazer o que quiser", defendeu. Questionada por que não deixou claro às famílias que estava no bairro na condição de militante, e não na de coordenadora do programa de cestas básicas, ela disse que "deixou claro". Lembrada de que se apresentou, na palestra, como "coordenadora do Programa de Segurança Alimentar", ela reconheceu ter agido assim.
Isabel defendeu o "direito" de "dar informações às famílias", porque "um monte de boatos" estaria sendo espalhado contra o programa.
Segundo ela, "as pessoas achavam que o Zeca ia ser reeleito" no primeiro turno. "Ele não foi, então agora as pessoas [militantes do PT" estão tomando uma atitude, porque a compra de votos está muito grande. Isso é que é crime", afirmou.


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