São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/EX-TESOUREIRO

Sub-relator incluirá em relatório pedido a Ministério Público; motivo são supostos crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro

CPI pedirá indiciamento de Valério e Delúbio

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O sub-relator de movimentação financeira da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), anunciou que pedirá o indiciamento do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, principais operadores do caixa dois do PT, por crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro. O indiciamento é o ato que aponta determinada pessoa como suspeita de um crime.
"O pedido é um instrumento de pressão, pois caberá ao Ministério Público decidir se vai denunciar", observou Fruet. O deputado adiantou que o pedido de indiciamento do ex-tesoureiro e do publicitário será formalizado em duas semanas, com a apresentação do relatório parcial sobre a movimentação financeira nas contas de Valério.
No relatório parcial da CPI dos Correios, o sub-relator também deverá lançar suspeita sobre depósitos de mais de R$ 70 milhões feitos nas contas das empresas de Valério e que não seriam resultado de contratos de publicidade.
A Visanet, por exemplo, pagou cerca de R$ 60 milhões à DNA Propaganda nos dois primeiros anos de governo petista. Os repasses foram autorizados pelo ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, apontado como um dos beneficiários dos saques das contas de Valério.
A CPI também não encontrou contratos de publicidade que justificassem o pagamento às empresas de Valério de cerca de R$ 7 milhões do grupo Usiminas e mais R$ 4,9 milhões da Brasil Telecom, então controlada pelo Opportunity. Nos últimos cinco anos, as contas de Valério movimentaram mais de R$ 1 bilhão, segundo dados analisados pela CPI.
Segundo Fruet, a CPI não tem condições de apontar por ora a origem do dinheiro que alimentou o caixa dois do PT, embora conteste os empréstimos nos bancos BMG e Rural. "Teremos de ter honestidade e dizer quais questões podem ser respondidas."

Outro lado
Sobre a ausência de contratos que justificassem pagamentos, a Usiminas preferiu não comentar. Para sua defesa, a Brasil Telecom remeteu ao anúncio de fato relevante publicado na imprensa em agosto último, no qual afirmou ter usado os serviços das empresas de Valério "eventual e esporadicamente" entre 2003 e 2004, com gasto de aproximadamente R$ 4,5 milhões para campanhas promocionais e outros eventos.
O Banco do Brasil confirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que os pagamentos da Visanet à DNA Propaganda não foram objeto de contrato de publicidade. A DNA foi escolhida entre as três agências que detinham a conta do banco para cuidar do segmento de varejo, que inclui os cartões de crédito. Os depósitos foram feitos por orientação do Banco do Brasil.
De acordo com o banco, o Fundo Visanet foi criado em 2001, com participação da estatal. Nessa época, a DNA já detinha parte da conta de publicidade do Banco do Brasil. A agência de Valério manteve parcela da conta na licitação realizada no segundo semestre de 2003. O contrato foi rompido em conseqüência das investigações que apontaram o publicitário como operador do caixa dois do PT.


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