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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/EX-TESOUREIRO
Sub-relator incluirá em relatório pedido a Ministério Público; motivo são supostos crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro
CPI pedirá indiciamento de Valério e Delúbio
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O sub-relator de movimentação
financeira da CPI dos Correios,
deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), anunciou que pedirá o indiciamento do ex-tesoureiro petista
Delúbio Soares e do publicitário
Marcos Valério Fernandes de
Souza, principais operadores do
caixa dois do PT, por crimes contra a ordem tributária e o sistema
financeiro. O indiciamento é o ato
que aponta determinada pessoa
como suspeita de um crime.
"O pedido é um instrumento de
pressão, pois caberá ao Ministério
Público decidir se vai denunciar",
observou Fruet. O deputado
adiantou que o pedido de indiciamento do ex-tesoureiro e do publicitário será formalizado em
duas semanas, com a apresentação do relatório parcial sobre a
movimentação financeira nas
contas de Valério.
No relatório parcial da CPI dos
Correios, o sub-relator também
deverá lançar suspeita sobre depósitos de mais de R$ 70 milhões
feitos nas contas das empresas de
Valério e que não seriam resultado de contratos de publicidade.
A Visanet, por exemplo, pagou
cerca de R$ 60 milhões à DNA
Propaganda nos dois primeiros
anos de governo petista. Os repasses foram autorizados pelo ex-diretor de Marketing do Banco do
Brasil Henrique Pizzolato, apontado como um dos beneficiários
dos saques das contas de Valério.
A CPI também não encontrou
contratos de publicidade que justificassem o pagamento às empresas de Valério de cerca de R$ 7 milhões do grupo Usiminas e mais
R$ 4,9 milhões da Brasil Telecom,
então controlada pelo Opportunity. Nos últimos cinco anos, as
contas de Valério movimentaram
mais de R$ 1 bilhão, segundo dados analisados pela CPI.
Segundo Fruet, a CPI não tem
condições de apontar por ora a
origem do dinheiro que alimentou o caixa dois do PT, embora
conteste os empréstimos nos bancos BMG e Rural. "Teremos de ter
honestidade e dizer quais questões podem ser respondidas."
Outro lado
Sobre a ausência de contratos
que justificassem pagamentos, a
Usiminas preferiu não comentar.
Para sua defesa, a Brasil Telecom
remeteu ao anúncio de fato relevante publicado na imprensa em
agosto último, no qual afirmou
ter usado os serviços das empresas de Valério "eventual e esporadicamente" entre 2003 e 2004,
com gasto de aproximadamente
R$ 4,5 milhões para campanhas
promocionais e outros eventos.
O Banco do Brasil confirmou
ontem, por meio de sua assessoria
de imprensa, que os pagamentos
da Visanet à DNA Propaganda
não foram objeto de contrato de
publicidade. A DNA foi escolhida
entre as três agências que detinham a conta do banco para cuidar do segmento de varejo, que
inclui os cartões de crédito. Os depósitos foram feitos por orientação do Banco do Brasil.
De acordo com o banco, o Fundo Visanet foi criado em 2001,
com participação da estatal. Nessa época, a DNA já detinha parte
da conta de publicidade do Banco
do Brasil. A agência de Valério
manteve parcela da conta na licitação realizada no segundo semestre de 2003. O contrato foi
rompido em conseqüência das investigações que apontaram o publicitário como operador do caixa
dois do PT.
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