São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Reprise de dados distorcidos marca debate

Já temas cruciais, como o impacto da crise global na cidade ou o caos no trânsito, tiveram pouco espaço

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quase quatro meses de campanha, o quinto debate na TV entre candidatos à Prefeitura de São Paulo mostrou uma reprise de números distorcidos e assuntos já exaustivamente explorados na propaganda eleitoral de Marta Suplicy (PT) e do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Já temas fundamentais como os efeitos da crise financeira global na economia da cidade ou os meios para enfrentar o caos no trânsito a curto prazo tiveram pouco ou nenhum espaço no debate.
Ontem, Kassab voltou a dizer na TV Record que colocou dois professores em sala de aula nas primeiras séries do ensino fundamental da rede municipal de ensino.
Porém, na verdade, são estudantes de cursos universitários da área de educação que estão atuando nas escolas. Eles desempenham principalmente atividades de incentivo à leitura. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, 94% da salas de aula de primeira série do ensino fundamental contam com os universitários.
Atualmente os estudantes- chamados pela prefeitura de "alunos pesquisadores"- recebem uma remuneração equivalente à dos estagiários da prefeitura, que é de R$ 489,17.
Já Marta repetiu que construiu cem quilômetros de corredores de ônibus -ou dez deles- na sua gestão como prefeita. Porém, a administração da petista efetivamente ergueu 67 novos quilômetros de vias exclusivas. Foram cinco os corredores construídos por Marta de 2001 a 2004: Rebouças, Pirituba, Rio Bonito, Guarapiranga e Ibirapuera.
A campanha da petista afirmou que reformas de grande porte, feitas em cerca de 35 quilômetros de vias exclusivas já implantadas, como a da av. Nove de Julho, devem ser consideradas como construções.

Contas de 2004
Além da reiteração de números inflados e de jogos de palavras, os telespectadores e ouvintes também não ficaram livres das longas discussões sobre a situação financeira da prefeitura da capital ao final da gestão de Marta, em 2004, sobre a qual ainda não há decisões judiciais definitivas.
Segundo relatórios de técnicos do TCM (Tribunal de Contas do Município), Marta deixou dívidas de cerca de R$ 700 milhões. Já o Ministério Público Estadual propôs à Justiça uma ação em que acusa Marta de ter cancelado indevidamente o pagamento de débitos no valor de R$ 560 milhões e de ter deixado a conta para a gestão seguinte. O processo ainda está em curso.
A favor de Marta conta o fato de os conselheiros do TCM e a Câmara Municipal terem aprovado as contas da administração dela. Com base nessas aprovações, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou a legalidade das contas da gestão petista.


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