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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Reprise de dados distorcidos marca debate
Já temas cruciais, como o impacto da crise global na cidade ou o caos no trânsito, tiveram pouco espaço
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de quase quatro meses de campanha, o quinto debate na TV entre candidatos à
Prefeitura de São Paulo mostrou uma reprise de números
distorcidos e assuntos já exaustivamente explorados na propaganda eleitoral de Marta Suplicy (PT) e do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Já temas fundamentais como os efeitos da crise financeira global na economia da cidade ou os meios para enfrentar o
caos no trânsito a curto prazo
tiveram pouco ou nenhum espaço no debate.
Ontem, Kassab voltou a dizer
na TV Record que colocou dois
professores em sala de aula nas
primeiras séries do ensino fundamental da rede municipal de
ensino.
Porém, na verdade, são estudantes de cursos universitários
da área de educação que estão
atuando nas escolas. Eles desempenham principalmente
atividades de incentivo à leitura. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, 94% da salas
de aula de primeira série do ensino fundamental contam com
os universitários.
Atualmente os estudantes-
chamados pela prefeitura de
"alunos pesquisadores"- recebem uma remuneração equivalente à dos estagiários da prefeitura, que é de R$ 489,17.
Já Marta repetiu que construiu cem quilômetros de corredores de ônibus -ou dez deles- na sua gestão como prefeita. Porém, a administração da
petista efetivamente ergueu 67
novos quilômetros de vias exclusivas. Foram cinco os corredores construídos por Marta de
2001 a 2004: Rebouças, Pirituba, Rio Bonito, Guarapiranga e
Ibirapuera.
A campanha da petista afirmou que reformas de grande
porte, feitas em cerca de 35
quilômetros de vias exclusivas
já implantadas, como a da av.
Nove de Julho, devem ser consideradas como construções.
Contas de 2004
Além da reiteração de números inflados e de jogos de palavras, os telespectadores e ouvintes também não ficaram livres das longas discussões sobre a situação financeira da
prefeitura da capital ao final da
gestão de Marta, em 2004, sobre a qual ainda não há decisões judiciais definitivas.
Segundo relatórios de técnicos do TCM (Tribunal de Contas do Município), Marta deixou dívidas de cerca de R$ 700
milhões. Já o Ministério Público Estadual propôs à Justiça
uma ação em que acusa Marta
de ter cancelado indevidamente o pagamento de débitos no
valor de R$ 560 milhões e de
ter deixado a conta para a gestão seguinte. O processo ainda
está em curso.
A favor de Marta conta o fato
de os conselheiros do TCM e a
Câmara Municipal terem aprovado as contas da administração dela. Com base nessas
aprovações, o STF (Supremo
Tribunal Federal) declarou a
legalidade das contas da gestão
petista.
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