São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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PAINEL

Papel passado
Lula lançará um "pacote ético" antes da posse. Ministros e funcionários de primeiro escalão terão de abrir mão dos sigilos bancário e fiscal antes de assumirem os cargos. Além disso, parentes de primeiro grau dos ministros terão de apresentar ao governo declarações anuais de renda.

Retrovisor quebrado
Lula também promete reforçar a Controladoria Geral da União, dando mais independência e ampliando o corpo técnico do órgão. Mas o presidente eleito promete que as investigações priorizarão os desvios cometidos em seu governo. Nada de procurar esqueletos de FHC escondidos nos armários.

Pressão das bases
O PT decidiu que não irá contingenciar as emendas no Orçamento de 2003. Se houvesse corte, Lula poderia comprar briga com os governadores, que precisam dos recursos federais para tocarem obras e investimentos.

Ritual de passagem
João Paulo (PT-SP) sentou-se à cabeceira da mesa e de lá comandou a reunião de ontem do PT com os partidos aliados. José Dirceu ficou ao seu lado. Os presentes interpretaram o ato como uma sinalização de que o deputado líder do PT é o favorito do partido para presidir a Câmara.

Bênção presidencial
Renan Calheiros (PMDB-AL) foi ao Palácio da Alvorada na noite de anteontem pedir a FHC o apoio do PSDB na disputa pela presidência do Senado, travada entre ele e José Sarney (AP).

Senador multimídia
Após ter cantado em protesto contra a política externa americana, Eduardo Suplicy (PT-SP) fez ontem propaganda do 35º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro durante pronunciamento na tribuna do Senado.

A campanha continua
Zezé di Camargo & Luciano e a banda Skank devem ser as estrelas da festa da posse de Lula na Esplanada dos Ministérios.

Preservar a imagem
Parlamentares da ala "radical" do PT com chances de integrar o ministério de Lula têm evitado associar-se aos colegas ainda mais à esquerda na legenda.

Tempo perdido
Por ora isolados, os deputados mais "radicais" enfrentam dificuldades para articular uma atuação conjunta da bancada de esquerda do PT. As conversas têm sido apenas individuais.

Lugar ao sol
Representantes da Articulação de Esquerda, umas das correntes "radicais" do PT, estiveram com José Dirceu na quinta. Na saída, disseram não querer cargos. Mas devem se reunir até a próxima semana para apresentar a Dirceu uma lista de possíveis ministeriáveis da corrente.

Loteamento à vista
A Executiva Nacional do PT vai reunir-se no início de dezembro para definir critérios para preenchimento dos cargos federais nos Estados. Senadores defendem que servidores de carreira tenham preferência.

Bolsa de apostas
O deputado federal Jaques Wagner (PT-BA) corre por fora, com apoio de petroleiros, pela presidência da Petrobras. Hoje tem poucas chances. O deputado Ronaldo Vasconcellos (PL-MG) trabalha pelo Meio Ambiente, para o qual a senadora Marina Silva (PT-AC) é favorita.

Pedido de socorro
A Câmara criou uma subcomissão permanente para acompanhar a situação dos 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior, após estudos do deputado Waldir Pires (PT-BA) e do procurador federal Guilherme Schelb. Eles receberam dezenas de denúncias de maus-tratos.

Visita à Folha
Benjamin Steinbruch, presidente do conselho de administração da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

Da deputada federal eleita Kátia Abreu (PFL-TO), da bancada ruralista, sobre Olívio Dutra (PT-RS) ser cotado para ministro da Agricultura:
- Dutra na Agricultura soará para os produtores rurais como soaria para o MST a nomeação de alguém da UDR para o Ministério da Reforma Agrária.

CONTRAPONTO

Meias palavras

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve anteontem na inauguração de uma estação de tratamento de esgoto em Ribeirão Preto ao lado de Antônio Palocci Filho, coordenador de transição do PT.
Durante a cerimônia, em que Lula afirmou que Palocci integrará seu governo, vários políticos e técnicos discursaram.
Sob o sol forte e com o cheiro desagradável do esgoto, os presentes se lamentavam a cada orador convocado. Depois de quatro discursos, o apresentador anunciou ao microfone:
-E agora o presidente...
Nesse momento, foi interrompido por gritos de aprovação da platéia, esperançosa de que se tratasse da vez de Lula. Até o petista sorriu com a chamada.
Mas o locutor completou, referindo-se ao grupo empresarial responsável pela obra:
-...do OHL, Juan Miguel.
A gargalhada foi geral.


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