São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Presidente do PT deve ser titular da Casa Civil e Palocci, da Fazenda

Dirceu diz preferir governo; Mercadante quer o Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com declarações públicas de duas figuras-chaves do PT para a formação do ministério do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ficou praticamente definido que o segundo nome da equipe de Lula será o presidente do partido, José Dirceu, e que a Fazenda deverá ser ocupada por Antônio Palocci Filho, coordenador da equipe de transição e prefeito de Ribeirão Preto (SP).
Dirceu, que é deputado federal reeleito, afirmou que prefere "ir para o governo" a ser candidato a presidente da Câmara. Ele disse que esse também é o desejo de Lula. Dirceu provavelmente será o ministro-chefe da Casa Civil.
E o deputado federal Aloizio Mercadante, senador eleito por São Paulo, afirmou que deseja continuar no Congresso. Como ele é um dos cotados para a Fazenda, sua declaração pública reforça a possibilidade da ida de Palocci para a pasta.
Até agora, portanto, Dirceu e Palocci são os nomes que publicamente são assumidos pelo PT como futuros ministros.
Anteontem, em visita a Ribeirão Preto, Lula disse que Palocci, prefeito licenciado da cidade, "dificilmente" voltaria ao cargo e que precisaria dele em Brasília. Lula não mencionou o posto a ser ocupado por Palocci porque existe a possibilidade cada vez menor de ele ser ministro do Planejamento.
Desde que começou a formar o seu governo, Lula disse a auxiliares que não poderia ter Dirceu e Mercadante ao mesmo tempo no governo porque perderia um dirigente de peso no Congresso. Os dois formam a cúpula da cúpula petista e a definição de seu futuro desencadearia as nomeações para o ministério, especialmente para um "núcleo duro" de pastas que Lula pretende preencher com petistas de sua confiança: a Casa Civil, a Secretaria Geral da Presidência, a Fazenda e o Planejamento.
Na semana passada, o presidente eleito conversou com Dirceu e Mercadante sobre o futuro, apesar de, por enquanto, ambos dizerem que falam em caráter pessoal e que caberá a Lula a decisão final. "Minha preferência é pelo governo, mas o presidente eleito dará a última palavra. Irei para onde ele quiser", afirmou Dirceu.
Mercadante disse crer que a sua "melhor contribuição para o novo governo seria iniciar a próxima legislatura como senador", mas não descarta ocupar um ministério ao longo do mandato de Lula.
Confirmada a permanência no Congresso, Mercadante deve ser o líder do governo no Senado e formar junto com outros quatro ministros o chamado "núcleo duro" do governo petista.
Lula tinha chegada prevista para ontem à noite em Brasília para começar a definir a formação do ministério. Ele se reuniria ontem com Dirceu e Palocci, que recebeu a missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) que está no Brasil para uma das rodadas de revisão do acordo fechado em agosto.
O presidente eleito ainda discutiria com Dirceu a formação da comitiva e a pauta do encontro com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Há uma reunião entre Lula e Bush marcada para o dia 10 de dezembro em Washington.
O embaixador do Brasil na capital dos EUA, Rubens Barbosa, reuniu-se ontem por mais de uma hora com Dirceu a fim de preparar a viagem. Segundo ele, "o encontro pessoal é importante para criar uma empatia entre os dois e gerar um clima de confiança que beneficiará a relação entre os dois países nos próximos anos".


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