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TRANSIÇÃO
Partido quer aprovar medida provisória 66, que pode assegurar arrecadação de pelo menos R$ 3 bilhões em 2003
PT tenta votar hoje minirreforma tributária
LUCIO VAZ
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT vai tentar votar hoje à noite a medida provisória 66, uma espécie de minirreforma tributária
que pode assegurar arrecadação
de pelo menos R$ 3 bilhões, por
meio da prorrogação de alíquotas
do Imposto de Renda da Pessoa
Física e da CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido).
PFL e PPB são os partidos que
mais se opõem à MP. O PMDB,
que até a semana passada defendia a rejeição total da MP, admite
votá-la se o PT assumir a responsabilidade sobre a prorrogação da
alíquota de 27,5% do IRPF.
"Não estamos dispostos a arcar
sozinhos com o desgaste junto à
classe média", disse o líder do
PMDB na Câmara, Geddel Vieira
Lima (BA). O PSDB também admite votar a medida desde que o
PT assuma o salário mínimo de
R$ 240. O representante do PSDB
nas negociações, Antônio Carlos
Pannunzio (SP), acha difícil que a
votação aconteça hoje, pois ainda
há muitos pontos de conflito.
O presidente da Câmara, Aécio
Neves (PSDB-MG), disse que a
medida será votada hoje somente
se houver consenso entre os partidos. Se houver impasse, a votação
ocorrerá na terça-feira da próxima semana, com ou sem acordo.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), vai trabalhar
pela rejeição integral da MP 66.
"Somos favoráveis a uma grande
reforma tributária. Se o PT aprovar essa MP, nunca fará uma reforma de verdade." Ele afirma que
a aprovação da medida resultaria
numa receita extra de R$ 11 bilhões para o governo Lula.
A MP prevê o fim da cobrança
cumulativa do PIS-Pasep. No lugar da alíquota de 0,65% em cada
fase da cadeia produtiva, seria fixada uma alíquota total de 1,65%.
O PFL e o PPB afirmam que essa
medida prejudicará os setores da
economia que têm uma cadeia
produtiva mais curta, como o setor de serviços.
O relator da MP 66, deputado
Benito Gama (PMDB-BA), afirma
que só apresentará um relatório
se obtiver o consenso dos partidos. A prorrogação da alíquota do
IRPF não está prevista na MP,
mas deve ser incluída pelo relator.
O PT já desistiu da inclusão de
um dispositivo que resultaria
num acréscimo de R$ 3,6 bilhões
na arrecadação da União. Seria o
fim do benefício fiscal de empresas que distribuem parte do lucro
obtido na forma de juros.
Um dos principais focos de resistência à medida é o dispositivo
que confere superpoderes aos fiscais da Receita Federal, que passariam a ter atribuições próprias do
Poder Judiciário. "É de uma arbitrariedade enorme. O fiscal vai dizer quem está ou não sonegando", afirma Pannunzio.
O deputado Ricardo Berzoini,
que negocia pelo PT, admitiu ontem que o partido poderá ceder e
suprimir esse dispositivo da medida. "Podemos deixar isso para
decidir no próximo governo."
A aprovação da MP 66 é fundamental para o novo governo fechar as contas do Orçamento de
2003. A prorrogação da alíquota
de 27,5% do IRPF renderia R$ 950
milhões para a União, além de outros R$ 950 milhões para Estados
e municípios. A prorrogação da
alíquota de 9% da CSLL resultaria
em mais R$ 1,1 bilhão.
Também pode ser votada hoje a
MP 64, que trata da flexibilização
da periodicidade de reajuste das
tarifas do setor elétrico.
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