São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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IMPRENSA

Colunista foi condenado a três meses de detenção

Juíza condena Nassif por texto sobre empreiteira; jornalista vai recorrer

DA REPORTAGEM LOCAL

O colunista da Folha Luís Nassif, integrante do Conselho Editorial do jornal, foi condenado a três meses de detenção e pagamento de multa no valor de dez salários mínimos pela juíza substituta da 6ª Vara Criminal de São Paulo, Érika Soares de Azevedo Mascarenhas, por uma nota publicada em 29 de setembro de 2000.
O texto, publicado na Folha, tratava do pedido de indenização de R$ 10 bilhões que a construtora Mendes Júnior exige da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). A decisão da Justiça, tomada em 27 de outubro deste ano, não levou em conta a avaliação do Ministério Público, para o qual não houve dolo no texto.
O advogado do jornalista, Luís Francisco Carvalho Filho, disse ontem que irá recorrer da sentença no Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo: "Acho a sentença absolutamente imprópria. O jornalista se limitou a divulgar uma nota de interesse público, ainda que crítica. Vamos trabalhar para que seja absolvido".
Segundo a juíza, o texto "manifesta a intenção inequívoca de difamar". Na nota, publicada sob o título "Fim da aventura", Nassif informava sobre a ação da Mendes Júnior contra a Chesf e declarava que o STJ havia "liquidado definitivamente com a aventura".
Para a juíza, o texto de Nassif "não justifica a maneira como a matéria foi redigida, e as expressões contidas não podem ser rotuladas de meras críticas, uma vez que pela simples leitura se verifica que são mesmo difamatórias". Ela afirma na sua decisão que a matéria é carente de informação.
As penas se baseiam na Lei de Imprensa e nos artigos 59 e 60 do Código Penal. A juíza determinou a substituição da pena privativa de liberdade por prestação de serviços à comunidade, conforme o artigo 44 do Código Penal e o artigo 48 da Lei de Imprensa.
Para Nassif, a decisão chama a atenção para casos muito sérios. "Ela traz à luz alguns problemas do Brasil. Enquanto pessoas do futuro governo procuram desesperadamente R$ 10 bilhões no Orçamento para acabar com a fome no país, uma empresa exige uma indenização no mesmo valor."


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