São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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PAINEL

Sinuca de bico
Para o PFL e o PMDB, Mendonção deveria deixar o cargo. FHC resiste, pois não haveria como dissociar o ministro das Comunicações de sua obra. Acha que reforçaria a suspeição sobre a privatização das teles. Está preferindo, até agora, ficar com o desgaste, que não é pequeno.
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Fórmula palaciana
Um auxiliar de FHC diz que não adianta os aliados bombardearem o Ministério da Produção: "Vai sair porque o Brasil precisa". E outra pessoa próxima ao presidente afirma que Mendonção não ocupará a pasta.
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Recurso estratégico
Em conversas com pefelistas, ACM diz que FHC já deveria ter demitido Mendonção. Mas o PFL não pedirá publicamente a cabeça do ministro, com fez o PMDB. Para não misturar com o Ministério da Produção, idéia combatida pelo partido.
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Fritura federal
A renúncia de Mendonção, sugerida pelo gaúcho Pedro Simon (PMDB), seria a melhor saída para o governo, segundo aliados. O ministro poderia dizer que voltará ao governo quando o episódio do grampo estiver finalmente esclarecido. No governo Itamar, foi o que fez Hargreaves, lembravam ontem no Senado.

Sarneyzação precoce
Análise feita por aliados após o depoimento de Mendonção ontem no Senado: FHC perdeu parte do capital político acumulado com a reeleição no 1º turno. O clima é de um governo envelhecido, com grupos em guerra .
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Virou gozação
Trocadilho que divertia parlamentares ontem: "Babaca não é parente". Mendonção usou o termo "babaquinha" em relação ao secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente.

Mágoa no armário
Líder do governo no Senado, Elcio Álvares (PFL-ES), a quem caberia defender Mendonção, se inscreveu para falar mas não apareceu quando chamado. Álvares não se reelegeu e culpa um suposto abandono de FHC.

Timing tucano
O governador Covas (SP) quer escolher seu novo secretariado até o dia 15 de dezembro. E fechar um acordo com o PT até a primeira semana de dezembro.
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Dando bandeira
Ricardo Sérgio, o diretor do Banco do Brasil que aparece no grampo dizendo que o governo estava no limite da sua "irresponsabilidade", foi mandado para uma agência do banco em Paris. Com ciência do Planalto.
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Sangue bom
O Ministério da Saúde lança hoje plano de qualidade total do sangue -40% do sangue recolhido no Brasil não é aproveitado. É uma taxa alta comparada à de outros países, diz o governo.
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Registro
ACM diz ser "maliciosa" a interpretação de que não admitiu que a PF convoque senadores a depor a fim de favorecer Gilberto Miranda. "Agi no cumprimento dos deveres inerentes ao cargo que ocupo, como sempre tenho feito. Saí em defesa de prerrogativa claramente assegurada pela Constituição, e não de pessoas."
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Fugindo de marola
De Henrique Alves (PMDB), sobre a base governista aprovar facilmente medidas do pacote em meio às supostas chantagens contra o governo: "A crise é tão grande que ninguém quer ser responsabilizado por agravá-la".
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Homens de valor
Calim Eid, da velha guarda malufista e um dos envolvidos no caso Pau Brasil, voltou a pisar na sede da Prefeitura de São Paulo após cinco anos. Ajudou Pitta a se afastar de Maluf e deverá indicar dois novos secretários. Deputados federais vão pedir uma secretaria a Pitta hoje.
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Visita à Folha
O deputado federal eleito Celso Giglio (PTB-SP) visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do cientista político Rubens Figueiredo, seu consultor.

O presidente do Clube Naval, contra-almirante Domingos Castello Branco, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do contra-almirante Carlos Oswaldo Botelho Gadelha, também do Clube Naval.

TIROTEIO

De Guilherme Palmeira (PFL-AL), sobre a forma como o governo está conduzindo os escândalos do "dossiê do Caribe" e do grampo no BNDES:
- Faltam imaginação, competência e produção. Não o ministério (da Produção).

CONTRAPONTO

Levando no papo
No Ministério da Fazenda faz sucesso a narrativa das audiências que Deus teria concedido a Bill Clinton, Carlos Menem e Fernando Henrique Cardoso.
Clinton foi o primeiro a ser recebido e perguntou se os Estados Unidos resolveriam o seu problema de déficit público.
- Sim, Clinton. Até o final de sua gestão os EUA resolverão este sério problema - disse Deus.
Em seguida, foi a vez de Menem, que também indagou se a Argentina resolveria a mesma questão. E Deus respondeu:
- Sim, Menem. Muito provavelmente não será durante a sua gestão, mas os argentinos um dia encontrarão um jeito de resolver o problema.
Por fim, veio FHC. A exemplo do presidente brasileiro, Deus tende a concordar com seus interlocutores, mesmo quando pensa totalmente diferente. Diante da pergunta sobre o déficit público, o Senhor falou:
- Sim, Fernando. Só que isso não vai ocorrer na minha gestão!



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