São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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O PERSONAGEM
Senador gaúcho exige demissão de Mendonça de Barros, mas diz que gosta do ministro
Simon provoca risos e rouba a cena

da Sucursal de Brasília

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) roubou a cena no depoimento de ontem ao cobrar publicamente a renúncia do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações).
Apesar de ter sido um dos momentos mais duros do depoimento, foi paradoxalmente o mais descontraído.
Depois de pedir ao ministro que se demitisse, o senador gaúcho afirmou: "Gosto muito do senhor".
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que conduzia a sessão, arrancou gargalhadas do plenário ao comentar, ao microfone: "Imaginem se não gostasse".
Simon também provocou risos ao apontar reportagens publicadas pela imprensa e dizer: "Com esse noticiário, não vão deixá-lo em paz. Essa gente, quando pega, não larga mais".
Gesticulando muito, a ponto de bater no microfone da tribuna, Simon disse que havia assinado a proposta de criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), apesar de ser contrário a ela. "Eu assino todas. Se é CPI, eu assino", afirmou.
Um dos momentos mais tensos ocorreu quando o ministro respondia às perguntas do senador Roberto Requião (PMDB-PR), procurando justificar suas declarações nas fitas gravadas clandestinamente.
"Acho que vossa excelência mesmo, nobre senador, em algum momento de mais raiva, disse: 'Eu ainda mato este sujeito'", afirmou o ministro Mendonça de Barros.
"Tranquilize-se, senhor ministro, não é essa a minha intenção. É simplesmente fazê-lo responder nos tribunais pelos ilícitos que cometeu", retrucou Roberto Requião.
O ministrou chegou ao Senado às 9h50. O único líder governista que o esperava na entrada era o tucano Sérgio Machado (CE).
Mendonça de Barros estava acompanhado de uma "tropa de choque": André Lara Resende, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Renato Guerreiro, presidente da Anatel, e o secretário-executivo do ministério, Juarez Quadros. Os três assistiram a todo o depoimento.
O ministro foi levado ao gabinete de ACM, onde se encontravam outros líderes governistas da Câmara e do Senado.
Mendonça de Barros perguntou ao presidente do Senado se Lara Resende poderia falar na sessão, uma vez que suas conversas também foram grampeadas.
ACM disse que o presidente do BNDES poderia se manifestar se houvesse perguntas dirigidas a ele no depoimento.
O presidente do Senado passou quase toda a sessão aparentando mau humor.
Ao final da tarde, o ministro telefonou a ACM para agradecer a maneira como foi recebido.



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