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Lula depõe e diz que papéis foram oferecidos duas vezes
da Reportagem Local
Em depoimento ontem à Polícia
Federal, Luiz Inácio Lula da Silva
disse ter recebido em duas oportunidades oferta de papéis referentes
a uma suposta conta bancária no
exterior em nome do presidente
Fernando Henrique Cardoso, do
governador Mário Covas (PSDB),
do ministro José Serra (Saúde) e do
ministro Sérgio Motta (Comunicações), morto em abril.
O presidente de honra do PT
afirmou não ter recebido e tampouco examinado os papéis referentes à suposta conta bancária.
Lula, candidato derrotado à Presidência, pediu ao delegado da PF
que investiga a origem do dossiê,
Paulo de Tarso Teixeira, para que o
horário e o local do depoimento
fossem mantidos em sigilo para
evitar a presença de jornalistas.
Segundo uma pessoa que teve
acesso ao texto do depoimento,
Lula disse que foi procurado pela
primeira vez em agosto pelo pastor
Caio Fábio. O pastor teria dito que
uma pessoa estava disposta a repassar documentos sobre supostos
negócios no exterior envolvendo o
presidente Fernando Henrique.
Ainda segundo o depoimento,
Lula pediu ao pastor que procurasse Leonel Brizola, vice na chapa de
Lula. Segundo o petista, Brizola
pediu a Caio Fábio para procurar o
advogado Nilo Batista, que descartou a oferta.
Lula, candidato derrota à Presidência, repetiu a versão que já tinha dado sobre o contato com Lafaiete Coutinho, ex-presidente do
Banco do Brasil, com a intermediação do deputado federal Luiz
Gushiken (PT-SP).
Segundo o petista, ele teve um
encontro com Coutinho no hangar
da TAM no aeroporto de Congonhas três dias antes do segundo
turno. Coutinho teria oferecido o
dossiê, mas não o mostrou a Lula.
Segundo a versão de Lula, ele pediu a Coutinho para mostrar os papéis ao advogado Márcio Thomaz
Bastos. Depois de ver os papéis no
dia seguinte, Bastos teria aconselhado Lula a não assumir a denúncia por causa da impossibilidade
de comprovar a veracidade do material. Lula então teria pedido a
Gushiken para telefonar para Coutinho recusando a oferta.
A deputada Marta Suplicy (PT-SP), candidata derrotada no primeiro turno nas eleições para governador de São Paulo, também
prestou depoimento ontem ao delegado Teixeira.
Depois do depoimento, feito no
fim tarde na casa da deputada,
Marta confirmou ter recebido a visita no dia 24 de outubro de Lina e
Lígia, filhas de Paulo Maluf (PPB),
acompanhadas de Jaqueline, nora
do pepebista e filha de Lafaiete
Coutinho.
"Chamou a atenção que parecia
uma coisa muito bem ensaiada.
Não há a mais leve possibilidade de
aquelas três senhoras terem feito
isso por iniciativa própria. Lina e
Lígia disseram quatro ou cinco vezes: o papai (Maluf) não sabe que
estamos aqui", disse Marta.
O ex-presidente do Sindicato dos
Bancários de São Paulo e também
petista Gilmar Carneiro disse em
depoimento ao delegado Teixeira
que apenas intermediou o primeiro contato telefônico entre Gushiken e Lafaiete Coutinho.
"Ele me ligou pedindo para falar
urgente com o Gushiken. Liguei
para o Gushiken e passei o telefone
do Lafaiete Coutinho. Nada mais",
afirmou Carneiro.
(BERNARDINO FURTADO)
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