São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jamil Degan não é o negociador do dossiê, diz pastor Caio Fábio

LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio

O pastor Caio Fábio d'Araújo Filho negou ontem que a pessoa que exigiu dinheiro pelo dossiê com supostas provas de que a cúpula do PSDB teria uma conta bancária em um paraíso fiscal seja Jamil Degan, como vinha sendo noticiado.
Em uma nota à imprensa enviada ontem à tarde por e-mail a jornalistas, Caio Fábio revelou ter sido procurado na noite de anteontem por uma pessoa que nunca vira antes e que mostrou documentos provando se chamar Jamil Degan.
"Ontem à noite, para meu susto e amplificação de angústias, fui procurado por um senhor, indignado, que me perguntou de onde eu o conhecia", relatou o pastor, que foi o elo de ligação entre as pessoas que conheciam a existência do dossiê e a frente de oposição.
"Como jamais o vira antes, respondi que de "lugar nenhum'. O homem então me mostrou sua identidade, na qual constava ser ele Jamil Degan. Definitivamente, ele não era a pessoa que encontrei no hotel", afirmou Caio Fábio.
O pastor iniciou a mensagem dizendo nunca ter afirmado conhecer qualquer pessoa chamada Jamil Degan.
Ontem, Caio Fábio voltou a afirmar desconhecer a identidade do homem que tentou vender o dossiê e com quem, segundo ele, só se encontrou uma única vez, no saguão do hotel Ritz Carlton, em West Palm Beach, três semanas antes do primeiro turno eleitoral.
Essa figura misteriosa, segundo o pastor, apesar da "idade semelhante" -cerca de 65 anos, segundo o primeiro e-mail do pastor, no último sábado- era "claramente anglo-saxão, com excelente domínio de português". "Esse que me procurou (anteontem à noite) era brasileiro", afirmou.
Caio Fábio disse não ter mais nenhuma informação a revelar sobre o assunto e continua se negando a dar entrevistas.
A Folha procurou ontem o pastor, pelo telefone, em sua casa, em Boca Raton, e no escritório em Miami de sua ONG -a Vinde-, mas não o encontrou.
"É tudo o que tenho a dizer, pois é tudo o que sei. Hoje tenho certeza de que há uma mente diabólica por trás disso tudo. Não sei quem é, mas Deus o sabe, e a verdade ainda virá à tona", escreveu na nota de ontem.
"A tentativa de envolver meus amigos ou parceiros comerciais nas questões que hoje envolvem, infelizmente, meu nome, é perversa. Assim como é tentar me envolver nos problemas que eventualmente envolvam pessoa de meu relacionamento, seja de amizade, seja comercial", afirma.
Jamil Degan mora há mais de 20 anos em Nova York (Estados Unidos). Pessoas que o conhecem dizem que ele é casado com uma brasileira chamada Maria Ângela e já teve vários negócios no país.
Entre 1974 e 1975, por exemplo, ele foi co-proprietário de um jornal chamado "Brazilian Change". Seu sócio era Gutemberg Monteiro, 82. "Degan sempre foi uma pessoa honesta e acho difícil que ele esteja envolvido com chantagem", disse Gutemberg Monteiro anteontem à Folha.
Jamil Degan morou em Curitiba (PR), onde fundou uma empresa de turismo a Jade. Ele nasceu em São Carlos (interior de São Paulo) em 1º de janeiro de 1935.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.