MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio

O candidato derrotado do PPB ao governo de São Paulo, Paulo Maluf, ofereceu o "dossiê Caribe" ao ex-governador Orestes Quércia (PMDB), para publicação no jornal paulistano "Diário Popular", propriedade do peemedebista.
A proposta, conforme apurou a Folha, foi feita por telefone na manhã do dia 24 de outubro, sábado, véspera do segundo turno da eleição em que Maluf enfrentou o governador Mário Covas (PSDB).
Candidato do PMDB ao governo, Quércia havia sido derrotado e eliminado no primeiro turno.
Em entrevista à Folha, Quércia não negou nem confirmou a conversa com Maluf. "Não me lembro mais", afirmou ontem.
Por intermédio de sua assessoria, Maluf negou que tivesse conhecimento do dossiê antes da publicação de reportagens e reafirmou que nunca viu os documentos.
De acordo com papéis do "dossiê Caribe", sem autenticidade comprovada, haveria uma conta, nas Ilhas Cayman (Caribe), em nome do presidente FHC, de Covas, do ministro da Saúde, José Serra, e do ministro das Comunicações Sérgio Motta, morto em abril.
A Folha apurou que Quércia aceitou a proposta de Maluf para publicar o dossiê no domingo.
Na tarde de sábado, sem receber os documentos, Quércia ligou para Maluf. O candidato do PPB teria afirmado que a pessoa de posse dos papéis havia saído e não estava sendo encontrada.
O dossiê não foi entregue. Maluf e Quércia só voltariam a se falar, novamente por telefone, na terça-feira, dia 27, quando Covas já vencera a eleição.
A candidata derrotada do PT ao governo de São Paulo, Marta Suplicy, disse que no dia 24 foi procurada por duas filhas e uma nora de Maluf, que teriam lhe oferecido o dossiê. Maluf nega.
O dia 24 foi o mesmo em que Maluf ofereceu o "dossiê Caribe" para Quércia.
A Folha tentou ontem falar três vezes, entre as 13h e as 18h15, com o diretor de redação do "Diário Popular", Josemar Gimenez, mas a secretária informou que ele não estava. Até a conclusão desta edição, Gimenez não havia ligado de volta.



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