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CONGRESSO
Embora sem fixar valor, há verba para aumento de R$ 40 ao mínimo
Orçamento é aprovado com R$ 20,4 bi a mais para o PT
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Congresso aprovou ontem o
Orçamento da União para 2003,
que garante R$ 20,4 bilhões a mais
que o previsto inicialmente na
proposta orçamentária para o governo do presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva, gastar no primeiro ano de mandato.
A lei orçamentária deverá ser
sancionada por Lula nos primeiros dias de janeiro.
O Orçamento aprovado ontem
pelo Congresso prevê recursos
suficientes para um reajuste do
salário mínimo dos atuais R$ 200
para R$ 240, embora não fixe o
valor do novo mínimo.
Também foram destinados R$
14,2 bilhões para investimentos
no próximo ano -praticamente
o dobro do previsto no projeto
enviado pelo Executivo.
O dinheiro para o mínimo foi
alocado em uma reserva de R$ 4,3
bilhões para cobrir gastos sociais
e financiar o aumento do salário
mínimo.
Esses recursos ficarão congelados nessa reserva até a sanção da
lei que definirá o novo salário mínimo a partir de 1º de maio. Depois disso, o restante da reserva
poderá ser utilizado para outros
fins sociais.
"Esse é um Orçamento híbrido,
feito a quatro mãos: uma parte
pelo governo FHC e a outra pelo
governo Lula", afirmou o presidente da Comissão Mista de Orçamento, José Carlos Aleluia
(PFL-BA).
Superávit
O Orçamento, excluídas as receitas e despesas financeiras, estima em R$ 352,7 bilhões a arrecadação de 2003. Os gastos foram
projetados em R$ 318,6 bilhões.
A diferença compõe o superávit
primário que o governo precisa
realizar em 2003 para cumprir o
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
As emendas dos congressistas,
concentradas principalmente nos
investimentos, atingiram R$ 9,1
bilhões. Neste ano, foram apresentadas quase 8.000 emendas ao
Orçamento, totalizando R$ 44 bilhões.
"Conseguimos destinar recursos para o mínimo, atender os Estados com o fundo da Lei Kandir,
melhorar a distribuição de recursos da saúde e atender ao combate
à fome", comemorou o relator-geral, senador Sérgio Machado
(PMDB-CE).
A apreciação do Orçamento no
plenário do Congresso foi tranquila, e o texto foi aprovado em
votação simbólica.
A votação na Comissão de Orçamento, entretanto, exigiu um
acordo entre os partidos e durou
mais de 24 horas.
O Orçamento começou a ser
discutido na manhã de anteontem e atravessou a madrugada e o
dia de ontem. A votação só foi
concluída ontem às 9h.
"Saco sem fundo"
O PFL e o PSDB vinham dificultando a votação porque queriam
que o valor do salário mínimo
fosse fixado em R$ 240 já no Orçamento.
Um acordo, incluindo os dois
partidos, assegurou o início da
votação. O PFL recuou em sua posição e disse estar dando "um voto de confiança" ao não exigir a
definição do mínimo agora.
"Nós fomos o único partido que
até o final se posicionou contra essa reserva para o mínimo", enfatizou o deputado Alberto Goldman
(PSDB-SP).
A votação na comissão se arrastou por causa dos 734 destaques
apresentados pelos congressistas,
pedindo mais recursos para suas
regiões eleitorais. "O Orçamento
não pode ser um saco sem fundo,
em que quem fica até a madrugada ganha mais R$ 1 milhão", protestou o deputado Sérgio Miranda
(PC do B-MG).
O relator-geral distribuiu R$
600 milhões, que estavam reservados, para atender a essas emendas. "Quem aguentou mais, levou
mais", festejou a deputada Laura
Carneiro (PFL-RJ), que conseguiu assegurar mais recursos para
seu Estado.
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