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TRANSIÇÃO
Partido define nomes para Integração Nacional e Minas e Energia, que ainda ontem era disputada por petistas
PMDB acerta presença na equipe de Lula
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após duas semanas de contratempos, o PMDB acertou ontem,
em reunião com o PT, os termos
para integrar a base de apoio e o
governo do presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva.
A sigla negociou dois ministérios - Minas e Energia e Integração Nacional-, com a indicação
de dirigentes para as estatais e órgãos a eles subordinados.
"O presidente do PMDB [Michel Temer] e eu, em nome da
montagem do governo, chegamos a uma proposta comum",
declarou José Dirceu, futuro ministro-chefe da Casa Civil.
O acordo entre os dois partidos
dependia ainda da chancela de
Lula, que passou parte da noite
em reunião com a cúpula petista.
O deputado federal Eunício Oliveira (PMDB-CE), 50, empresário
e agropecuarista, é o nome para
ministério da Integração Nacional, pasta antes cogitada para Ciro
Gomes (PPS) -agora cotado para o Planejamento ou para a Previdência.
Para o Ministério das Minas e
Energia, o senador eleito Hélio
Costa (PMDB-MG), 63, era o nome mais forte. Havia ainda a possibilidade de o cargo vir a ser ocupado por Pedro Simon (PMDB-RS), 72, ou a destinação da pasta à
petista Dilma Rousseff, ex-secretária de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul.
Assessores próximos a Lula tentavam manter o ministério nas
mãos do PT, temendo a possibilidade de apagão no ano que vem.
Se Lula ceder aos apelos, nova crise será criada com o PMDB, que
negociou o acordo com Dirceu.
Os nomes do PMDB foram escolhidos de modo a contentar as
duas alas do partido, após uma série de consultas sigilosas, por
meio de intermediários comuns
de peemedebistas e petistas, ao
longo da última semana.
Hélio Costa -jornalista que se
notabilizou como correspondente da Rede Globo em Nova York
entre 1972 e 1985- foi dormir ontem acreditando ser ministro. Estava em Belo Horizonte anteontem, quando recebeu um telefonema de Dirceu para que participasse de reunião em Brasília.
Costa é ligado também ao governador de Minas Gerais, Itamar
Franco (sem partido), e ao vice-presidente eleito, José Alencar.
No Congresso, atuou contra a privatização de Furnas, um dos motivos de crise entre Itamar e o presidente FHC.
A presença de Costa preencheria assim a cota do PMDB e de Itamar no governo. Em 14 de novembro, Lula convidou o governador de Minas a integrar sua
equipe, mesmo sabendo que ele
prefere ser nomeado embaixador
em Roma, o que deve ocorrer.
Apesar de ser aliado da dissidência do PMDB, Costa assinou
documento de apoio à candidatura do atual líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL), à presidência do
Senado. Renan é o nome preferido da cúpula e disputa o cargo
com o senador José Sarney
(PMDB-AP).
Eunício Oliveira, em quatro
anos de mandato na Câmara, para o qual foi reeleito, votou a favor
dos projetos do governo FHC,
apesar de ser genro de um dos
principais símbolos da ala oposicionista do PMDB, Paes de Andrade (CE). Mantém ainda vínculos com peemedebistas como os
governadores de Pernambuco,
Jarbas Vasconcelos, e do Distrito
Federal, Joaquim Roriz.
Apoiou a candidatura de Lula
para presidente e do petista José
Airton ao governo do Ceará. Tem
bom trânsito também com o senador eleito Tasso Jereissati
(PSDB-CE).
É o tesoureiro da Executiva Nacional do PMDB e não assinou,
como presidente do diretório cearense, o requerimento para que
uma convenção nacional da sigla
decidisse sobre a participação no
governo Lula, tirando poderes do
comando partidário.
Havia preocupação do PT e da
cúpula do PMDB com uma eventual reação de Itamar à indicação
de um nome mineiro. Ele enviou
sinais de que resistiria às indicações de Walfrido Mares Guia
(PTB) e de Anderson Adauto (PL)
para os ministérios do Turismo e
dos Transportes.
Os cotados para o ministério de
Lula evitaram dar declarações ontem. Eunício estava em Goiás, e
Costa participou das negociações
em Brasília e voou direto para Belo Horizonte sem falar com os jornalistas.
O presidente eleito anuncia hoje
os novos nomes de sua equipe de
governo, às 11h, em ato programado para o hotel Sofitel, na zona
sul de São Paulo.
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