São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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ANÁLISE

PMDB teve comportamento ambíguo no governo FHC

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nascido de uma grande frente (o Movimento Democrático Brasileiro), o PMDB nunca foi um partido unificado. Seu comportamento sempre foi ambíguo em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso, apesar de ter recebido cargos de alto escalão e vários ministérios.
A tendência é que esse comportamento incerto se repita durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, até porque o PMDB continua tendo diversas facções.
O PMDB entrou no governo FHC depois que o tucano foi eleito. Em 1994, a sigla teve um candidato próprio a presidente, Orestes Quércia.

Emenda da reeleição
Apesar de ter recebido cargos logo depois da posse de FHC, em 1995, o PMDB só entrou de cabeça no governo depois da votação da emenda da reeleição, em janeiro de 1997.
Naquele ano, alguns deputados do Acre revelaram ter vendido seu voto para aprovar a mudança constitucional. O episódio abriu uma crise no Congresso.
Para ajudar a impedir a instalação de uma CPI, o PMDB exigiu que dois integrantes de sua cúpula fossem empossados, um no Ministério dos Transportes (o então deputado federal gaúcho Eliseu Padilha) e outro no Ministério da Justiça (o senador goiano Iris Resende).
A partir dessa época, FHC fortaleceu a chamada cúpula governista do PMDB. Mas desagradou a uma ala grande do partido, composta por José Sarney, Roberto Requião e Itamar Franco -esse último acabou se desfiliando da sigla.
Uma medida de como o PMDB titubeou no apoio ao FHC foi a votação da emenda da reeleição. À época, a sigla contava com 99 deputados e só apresentou 64 votos a favor (64,6% do total).
Um exemplo para comparar: o PFL tinha 101 deputados, dos quais 96 (95,1%) votaram a favor da emenda da reeleição. No PSDB, de 87 deputados, 84 (96,6%) foram favoráveis.

Estratégia do PT
O PT sabe que não poderá contar com a integridade dos 74 deputados federais eleitos pelo PMDB. Mas a direção petista acha que ficaria ainda mais difícil cooptar essa bancada se o partido não recebesse cargos importantes no governo.
A estratégia do PT tem sido negociar oficialmente com a direção formal do PMDB.
Mas o futuro ministro-chefe da Casa Civil de Lula, o deputado federal José Dirceu (SP), também tem mantido contatos constantes com os cinco governadores eleitos do PMDB.
Na avaliação do PT, a atual cúpula peemedebista poderá perder força em 2003.
Terão ministros, mas pouco acesso direto ao presidente da República. Os petistas avaliam que os governadores do PMDB retomarão a presidência do partido no ano que vem.


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