|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
PMDB teve comportamento ambíguo no governo FHC
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nascido de uma grande frente
(o Movimento Democrático Brasileiro), o PMDB nunca foi um
partido unificado. Seu comportamento sempre foi ambíguo em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso, apesar de ter recebido cargos de alto escalão e vários ministérios.
A tendência é que esse comportamento incerto se repita durante
o governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, até porque o PMDB continua tendo diversas facções.
O PMDB entrou no governo
FHC depois que o tucano foi eleito. Em 1994, a sigla teve um candidato próprio a presidente, Orestes
Quércia.
Emenda da reeleição
Apesar de ter recebido cargos
logo depois da posse de FHC, em
1995, o PMDB só entrou de cabeça
no governo depois da votação da
emenda da reeleição, em janeiro
de 1997.
Naquele ano, alguns deputados
do Acre revelaram ter vendido
seu voto para aprovar a mudança
constitucional. O episódio abriu
uma crise no Congresso.
Para ajudar a impedir a instalação de uma CPI, o PMDB exigiu
que dois integrantes de sua cúpula fossem empossados, um no Ministério dos Transportes (o então
deputado federal gaúcho Eliseu
Padilha) e outro no Ministério da
Justiça (o senador goiano Iris Resende).
A partir dessa época, FHC fortaleceu a chamada cúpula governista do PMDB. Mas desagradou a
uma ala grande do partido, composta por José Sarney, Roberto
Requião e Itamar Franco -esse
último acabou se desfiliando da
sigla.
Uma medida de como o PMDB
titubeou no apoio ao FHC foi a
votação da emenda da reeleição.
À época, a sigla contava com 99
deputados e só apresentou 64 votos a favor (64,6% do total).
Um exemplo para comparar: o
PFL tinha 101 deputados, dos
quais 96 (95,1%) votaram a favor
da emenda da reeleição. No
PSDB, de 87 deputados, 84
(96,6%) foram favoráveis.
Estratégia do PT
O PT sabe que não poderá contar com a integridade dos 74 deputados federais eleitos pelo
PMDB. Mas a direção petista acha
que ficaria ainda mais difícil
cooptar essa bancada se o partido
não recebesse cargos importantes
no governo.
A estratégia do PT tem sido negociar oficialmente com a direção
formal do PMDB.
Mas o futuro ministro-chefe da
Casa Civil de Lula, o deputado federal José Dirceu (SP), também
tem mantido contatos constantes
com os cinco governadores eleitos do PMDB.
Na avaliação do PT, a atual cúpula peemedebista poderá perder
força em 2003.
Terão ministros, mas pouco
acesso direto ao presidente da República. Os petistas avaliam que
os governadores do PMDB retomarão a presidência do partido
no ano que vem.
Texto Anterior: PMDB acerta presença na equipe de Lula Próximo Texto: Ciro pode ir para o Planejamento Índice
|