São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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análise

Ao segurar o pacote, governo evita desgastes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reação positiva do mercado financeiro ao fim da CPMF e a preocupação em evitar o desgaste político de lançar um pacote com aumento de impostos na véspera do Natal foram determinantes para o governo adiar o anúncio da solução para compensar a perda de R$ 38 bilhões no Orçamento-2008.
Segundo a Folha apurou, na semana passada, logo após a derrota no Congresso -que acabou com a cobrança da CPMF a partir do ano que vem-, o governo avaliou que era preciso dar uma resposta rápida e convincente para evitar turbulências nos mercados. O foco eram os investidores estrangeiros e as agências internacionais de classificação de risco. A estratégia foi reafirmar o compromisso da equipe atual com o equilíbrio das contas públicas e mostrar que o governo apresentaria uma solução no curtíssimo prazo.
A preocupação era não deixar um "vácuo". Daí a idéia de anunciar medidas compensatórias já nesta semana. Passado o susto inicial da derrota política, o governo avaliou que o ruído econômico foi menor do que o esperado, dando tempo para trabalhar melhor tecnicamente como cobrir o rombo deixado com o fim da contribuição, principalmente depois que o presidente Lula assumiu publicamente o compromisso de manter a meta de superávit primário.
Por outro lado, o ruído político aumentou e poderia azedar ainda mais dependendo das medidas anunciadas. Isso porque, na prática, o governo sabe que dificilmente terá como fugir da equação que mescla cortes de gastos, principalmente de emendas parlamentares, com aumento de impostos. No entanto, acredita que terá que preparar o terreno político primeiro antes de avançar nessas áreas.
A divulgação de medidas em estudo nos últimos dias serviu de termômetro. No Congresso, houve reação às declarações do ministro Paulo Bernardo (Planejamento) de corte de emendas e às do ministro Guido Mantega (Fazenda) sobre a criação de um novo imposto.
O presidente Lula também não gostou da idéia de aumento de impostos dias antes do Natal. Por isso determinou que as estimativas sejam refeitas com calma. Primeiro, será preciso contabilizar quanto haverá a mais de arrecadação e qual o espaço para corte de gastos, sem prejudicar as obras prioritárias do PAC e a área social.
A idéia inicial de anunciar um pacote geral e só detalhar as medidas depois que o Orçamento fosse refeito foi deixada de lado. Para Lula, havia o risco de algo sair "inconsistente" ou se transformar em uma bandeira da oposição contra o governo. (SHEILA D'AMORIM e VALDO CRUZ)


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