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análise
Ao segurar o pacote, governo evita desgastes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reação positiva do mercado financeiro ao fim da
CPMF e a preocupação em
evitar o desgaste político de
lançar um pacote com aumento de impostos na véspera do Natal foram determinantes para o governo adiar
o anúncio da solução para
compensar a perda de R$ 38
bilhões no Orçamento-2008.
Segundo a Folha apurou,
na semana passada, logo
após a derrota no Congresso
-que acabou com a cobrança da CPMF a partir do ano
que vem-, o governo avaliou
que era preciso dar uma resposta rápida e convincente
para evitar turbulências nos
mercados. O foco eram os investidores estrangeiros e as
agências internacionais de
classificação de risco. A estratégia foi reafirmar o compromisso da equipe atual
com o equilíbrio das contas
públicas e mostrar que o governo apresentaria uma solução no curtíssimo prazo.
A preocupação era não
deixar um "vácuo". Daí a
idéia de anunciar medidas
compensatórias já nesta semana. Passado o susto inicial
da derrota política, o governo avaliou que o ruído econômico foi menor do que o
esperado, dando tempo para
trabalhar melhor tecnicamente como cobrir o rombo
deixado com o fim da contribuição, principalmente depois que o presidente Lula
assumiu publicamente o
compromisso de manter a
meta de superávit primário.
Por outro lado, o ruído político aumentou e poderia
azedar ainda mais dependendo das medidas anunciadas. Isso porque, na prática,
o governo sabe que dificilmente terá como fugir da
equação que mescla cortes
de gastos, principalmente de
emendas parlamentares,
com aumento de impostos.
No entanto, acredita que terá que preparar o terreno
político primeiro antes de
avançar nessas áreas.
A divulgação de medidas
em estudo nos últimos dias
serviu de termômetro. No
Congresso, houve reação às
declarações do ministro
Paulo Bernardo (Planejamento) de corte de emendas
e às do ministro Guido Mantega (Fazenda) sobre a criação de um novo imposto.
O presidente Lula também
não gostou da idéia de aumento de impostos dias antes do Natal. Por isso determinou que as estimativas sejam refeitas com calma. Primeiro, será preciso contabilizar quanto haverá a mais de
arrecadação e qual o espaço
para corte de gastos, sem
prejudicar as obras prioritárias do PAC e a área social.
A idéia inicial de anunciar
um pacote geral e só detalhar
as medidas depois que o Orçamento fosse refeito foi deixada de lado. Para Lula, havia o risco de algo sair "inconsistente" ou se transformar em uma bandeira da
oposição contra o governo.
(SHEILA D'AMORIM e VALDO CRUZ)
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