São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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PAINEL

O problema é mais sério

Mais do que escolher o nome do Desenvolvimento, o que afligiu FHC nos últimos dias foi a perspectiva de passar o 2º mandato preso a uma armadilha econômica que o condene a um desempenho medíocre na política (enfraquecido por eventual queda da popularidade) e no social (falta de realizações de peso).
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Aquele que parou o país

FHC teme, após oito anos de poder, virar o presidente que estabilizou a moeda e estagnou a economia. Avalia que há risco de perder os ganhos sociais do Real -sacrificando emprego, salário e qualidade de vida da população mais pobre. A luta pela reeleição, nesse cenário, terá sido ingrata.
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Mercadoria rara

Na busca de novos auxiliares e interlocutores, FHC priorizou perfis que pudessem trazer alternativas à atual equipe econômica. "O presidente quer pessoas que pensem estratégias para o país. Quer achar outro André Lara Resende", diz cacique tucano.
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Emblema de uma fase

"Encantamento" é a expressão que amigos de FHC usam para classificar como o presidente se relacionava com Gustavo Franco. Hoje, acuado pela crise financeira mundial e pelo sentimento de que poderia ter alterado rumos da política econômica, FHC mantém relação quase fria com o presidente do Banco Central.

Samba de uma nota só

Em todas as entrevistas da semana que passou, Lula teve de responder sobre a conveniência da reunião com FHC. Achou resposta padrão: "É como encontro entre o Clinton e o Arafat, antigos inimigos que dialogam".
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Dobrado pefelista

Estava tudo acertado para Elcio Alvares (PFL-ES), cotado para a pasta da Defesa, presidir o Sebrae. O próprio FHC pediu que não aceitasse, pois tinha "coisa melhor" a oferecer.
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Corda esticada

O Planalto pediu ao Sebrae que adiasse de novo a eleição de seu novo diretor-presidente. Ficou para o dia 29. A fim de ganhar tempo para acertar o quebra-cabeças da reforma ministerial.

Jogo casado

O anúncio do secretariado do 2º governo Covas deve ter dois momentos. Depois de deixar o hospital, saem os nomes das pastas econômicas, da Educação e da Segurança. As demais ficam para março, para coincidir com a escolha da Mesa da Assembléia.
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Última faturada

Pegou mal no Banco Mundial Raul Jungmann ter dito que acertou empréstimo de US$ 1 bi para o projeto Banco da Terra, que está sendo contestado na instituição pelo MST, Contag, CPT e ONG Rede Brasil.
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Bigode federal

No PFL, dá-se como certo até agora apenas um novo nome do partido: Sarney Filho (MA) para Ministério do Meio Ambiente. Que é pefelista, mas entra no governo na cota do Sarney pai.
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Estourou a conta

O Ministério Público Federal deve pedir a anulação da diplomação de Amazonino Mendes (AM). Motivo: antes da eleição, o governador já havia gasto em publicidade (R$ 6 mi) mais do que a média dos últimos três anos, o que a lei eleitoral veta.
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Preço do descaso

Pelos cálculos de Ovídio de Angelis (Políticas Regionais), o governo torrou R$ 1,5 bi no combate à seca do Nordeste. A Espanha se ofereceu para ajudar a encontrar uma solução definitiva para o problema, agendada para o segundo mandato de FHC.
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Vê o que quer

Vicente Chelotti (Polícia Federal) julga ter recebido um sinal do Planalto de que vai continuar no cargo: FHC lhe autorizou a articular uma reunião da Interpol no Rio. No ano 2000.
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Tiro no pé

Uma gráfica de Cuiabá (MT) está cobrando na Justiça R$ 1 mi do tucano Dante de Oliveira. O governador reeleito não tem nem como negar a dívida: a despesa consta da declaração de seus gastos de campanha.
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TIROTEIO

De Delfim (PPB-SP), sobre o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, ter comparado os críticos da equipe econômica àqueles que atacaram Simonsen em 79 e guindaram Delfim à Fazenda e ter dito que o deputado, quando ministro, fez duas desvalorizações e lançou o Brasil na "década perdida":
- Trata-se de pura sabujice e ignorância típica de empresário chapa-branca, eterno candidato a ex-quase ministro (no caso, do Desenvolvimento).

CONTRAPONTO

Melhor pensar duas vezes
Faz sucesso no Senado a seguinte história sobre a fama do pefelista Antonio Carlos Magalhães de mandar em tudo:
ACM embarca em um jatinho para Salvador, e o diabo se senta bem ao seu lado.
- Chegou sua hora, vim lhe buscar - sentencia o demônio.
Calmo, o baiano pede que o diabo olhe pela janela:
- O que você vê aí embaixo é o Brasil. Eu não sou o presidente, mas quem manda sou eu!
Algum tempo de vôo depois, o avião sobrevoa a Bahia. ACM diz ao diabo que olhe a paisagem:
- Aqui é a Bahia. Não sou o governador, mas quem manda sou eu!
O jatinho começa o procedimento de pouso, ACM aponta para a cidade e dispara:
- É Salvador. Não sou o prefeito, mas quem manda sou eu!
Volta-se então para o capeta e pergunta, com ar irônico:
- Diabo, você já imaginou o que pode acontecer se me levar mesmo para o inferno?



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