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PESQUISA
Governo tem má comunicação, afirma instituto
Paulista desconhece teor de reformas
ROGÉRIO ORTEGA
Coordenador de Artigos e Eventos
Mais da metade dos habitantes
da Grande São Paulo desconhece o
teor das principais reformas constitucionais que o governo vem tentando aprovar no Congresso.
Apesar disso, esperam-se mudanças em vários aspectos, da implantação do voto distrital à redução da carga tributária, de acordo
com pesquisa encomendada pelo
Instituto Atlântico ao Datafolha.
A reforma administrativa é a
"campeã" do desconhecimento,
com 27% pouco informados e 33%
que dizem nada saber sobre o assunto. As mudanças trabalhistas
são as que têm merecido o acompanhamento mais atento. Ainda
assim, o bloco dos "mais ou menos
informados" é maioria, com 43%
(veja quadro nesta página).
A maioria dos entrevistados
(71%) tem renda familiar mensal
de até dez salários mínimos (R$
1.300), escolaridade até o primeiro
grau (59%) e algum tipo de ocupação (72% deles fazem parte da População Economicamente Ativa).
²
"Retrato fiel"
Para o vice-presidente do Instituto Atlântico, o economista Paulo
Rabello de Castro, a pesquisa traça
um retrato fiel das opiniões na região e evidencia um "caso patético" de má comunicação por parte
do governo federal. As iniciativas
governistas não são, segundo ele,
"as reformas radicais que o povo
almeja. São remendos para fechar
o caixa. Talvez por isso o governo
não se comunique como deveria".
Na leitura de Rabello, os dados
coletados pelo Datafolha mostram
que, mesmo mal informados, os
trabalhadores querem mudanças
-e rápidas. "As reformas são
mornas. Um governo com sangue
e sob o estímulo da urgência que
estamos vivendo apressaria muito
a condução do processo. O povo é
muito mais reformista que o governo e os parlamentares. Quem
reluta são as elites", afirma.
"Urgência", para ele, seria sair da
recessão, cujo impacto pode ser
visto com nitidez junto aos entrevistados sobre 98. Só 23% vêem alguma melhora em relação a 97;
44% acham que foi pior e 33%, que
foi igual.
A expectativa para 99, entretanto, é a de que seja melhor que este
ano (34%) ou, pelo menos, igual
(30%). Rabello considera esse dado, mais otimista que a avaliação
do presidente da República (que
encara 98 como um dos mais difíceis de seus mandatos), uma ótima
mensagem para os investidores externos. "O Brasil só não estará salvo se Brasília não deixar", ironiza.
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