São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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PESQUISA
Governo tem má comunicação, afirma instituto
Paulista desconhece teor de reformas

ROGÉRIO ORTEGA
Coordenador de Artigos e Eventos

Mais da metade dos habitantes da Grande São Paulo desconhece o teor das principais reformas constitucionais que o governo vem tentando aprovar no Congresso.
Apesar disso, esperam-se mudanças em vários aspectos, da implantação do voto distrital à redução da carga tributária, de acordo com pesquisa encomendada pelo Instituto Atlântico ao Datafolha.
A reforma administrativa é a "campeã" do desconhecimento, com 27% pouco informados e 33% que dizem nada saber sobre o assunto. As mudanças trabalhistas são as que têm merecido o acompanhamento mais atento. Ainda assim, o bloco dos "mais ou menos informados" é maioria, com 43% (veja quadro nesta página).
A maioria dos entrevistados (71%) tem renda familiar mensal de até dez salários mínimos (R$ 1.300), escolaridade até o primeiro grau (59%) e algum tipo de ocupação (72% deles fazem parte da População Economicamente Ativa).
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"Retrato fiel"
Para o vice-presidente do Instituto Atlântico, o economista Paulo Rabello de Castro, a pesquisa traça um retrato fiel das opiniões na região e evidencia um "caso patético" de má comunicação por parte do governo federal. As iniciativas governistas não são, segundo ele, "as reformas radicais que o povo almeja. São remendos para fechar o caixa. Talvez por isso o governo não se comunique como deveria".
Na leitura de Rabello, os dados coletados pelo Datafolha mostram que, mesmo mal informados, os trabalhadores querem mudanças -e rápidas. "As reformas são mornas. Um governo com sangue e sob o estímulo da urgência que estamos vivendo apressaria muito a condução do processo. O povo é muito mais reformista que o governo e os parlamentares. Quem reluta são as elites", afirma.
"Urgência", para ele, seria sair da recessão, cujo impacto pode ser visto com nitidez junto aos entrevistados sobre 98. Só 23% vêem alguma melhora em relação a 97; 44% acham que foi pior e 33%, que foi igual.
A expectativa para 99, entretanto, é a de que seja melhor que este ano (34%) ou, pelo menos, igual (30%). Rabello considera esse dado, mais otimista que a avaliação do presidente da República (que encara 98 como um dos mais difíceis de seus mandatos), uma ótima mensagem para os investidores externos. "O Brasil só não estará salvo se Brasília não deixar", ironiza.



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