São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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Presidente vai insistir para ter civil à frente da Defesa

da Sucursal de Brasília

Apesar da resistência do PFL, o presidente Fernando Henrique Cardoso vai insistir até o último momento em ter o vice, Marco Maciel (PFL-PE), à frente do Ministério da Defesa. Essa é a vontade dos próprios militares. FHC prometeu apresentar o ministério completo terça ou quarta.
Se a operação convencimento de Maciel for malsucedida, o presidente trabalha com a seguinte linha: buscar sempre o nome de um civil, político, de preferência um "senador eleito que não tenha brigado com os militares".
Alguns senadores, capitaneados pelo próprio presidente do Congresso, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), introduziram na lista de ministeriáveis de FHC o nome de Elcio Alvares (PFL-ES). Inconveniente: é um senador derrotado perdeu, na tentativa de se reeleger, para o tucano Paulo Hartung.
A Folha apurou que FHC, apesar desse inconveniente, prefere Alvares a outros dois nomes que ele tem em sua lista: o de Celso Lafer e o de José Sarney (PMDB-AM).
O senador Sarney esnobou a idéia e causou até indignação entre alguns grupos militares. Questionado sobre a possibilidade de assumir a Defesa, disse que, para um ex-presidente, assumir um ministério era o mesmo que "crescer como rabo de cavalo": para baixo.
Lafer, 57, está de volta ao país depois de chefiar a Delegação Permanente do Brasil junto a organismos da ONU, em Genebra (Suíça).
É um intelectual e estudioso das relações internacionais que serviu o Itamaraty como chanceler do governo Collor, de abril a outubro de 92. Em resumo, é difícil não ver em Lafer a figura de um diplomata e o presidente quer evitar o que mais desagradaria as Forças Armadas: a interpretação de que o Itamaraty, ou qualquer outra "corporação ministerial", passaria a mandar nos militares.
Alvares é o líder do governo no Senado e chegou a ser sondado para ocupar a presidência do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com salário de R$ 17 mil. Foi avisado de que FHC já "está encaminhando outro nome" para o Sebrae e que, para ele, "tinha coisa melhor".
Anteontem, acompanhou FHC na viagem a Igarapava (SP) e Salvador. Na confraternização feita na cabine do Boeing presidencial, por conta do aniversário do líder tucano no Senado, Sérgio Machado (PSDB-CE), Alvares chegou a ser parabenizado pela sondagem oficiosa para a pasta da Defesa.
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Comandantes A indefinição sobre o nome para o Ministério da Defesa não deve, no entanto, contaminar a escolha dos futuros comandantes de cada uma das Forças.
Como os escolhidos deverão ser os militares mais antigos, estão praticamente certos os nomes do general-de-exército Gleuber Vieira, no comando do Exército, do brigadeiro-do-ar Walter Werner Braüer, para o comando da Aeronáutica, e do almirante-de-esquadra Sérgio Gitarana Florêncio Chagas Telles, para a Marinha.
Cada um é hoje o chefe do Estado-Maior da sua Força. Como a convocação extraordinária do Congresso só começa no dia 4 de janeiro, e no dia que o presidente assumir, dia 1º, a Lei Complementar das novas funções dos militares, ainda não estará aprovada, os comandantes das Forças devem ficar, interinamente, à frente dos atuais ministérios.
(RUI NOGUEIRA, RENATA GIRALDI e WILLIAM FRANÇA)



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