São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2002

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CONFLITO NO CAMPO

Roberto Junqueira teria confessado disparos contra sem-terra

Acusado de balear Rainha é preso

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

O pecuarista Roberto Junqueira foi preso na noite de anteontem, em Rosana (760 km de São Paulo), acusado de ser o autor do atentado contra o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), José Rainha Jr.
Segundo o delegado de Teodoro Sampaio, Donato Farias de Oliveira, Junqueira foi preso e autuado em flagrante por volta das 21h30 de anteontem, quando deixava a fazenda Santa Rita do Pontal, na região do Pontal do Paranapanema. Ao ser preso, ele teria admitido ser o autor dos disparos contra o líder do MST.
Rainha, 40, foi atingido com um tiro nas costas às 11h30 de anteontem, quando estava na fazenda Santa Rita, ocupada na madrugada de sábado por cerca de 200 famílias sem-terra. Ele já deixou o hospital e passa bem.
Depois de prestar depoimento em Presidente Wenceslau, Roberto Junqueira foi transferido para o presídio de Santo Anastácio. Ele é o administrador da fazenda Santa Rita do Pontal, que tem 3.800 hectares que pertence à sua irmã, Ione Junqueira, radicada nos Estados Unidos. Junqueira disse que militantes do MST dispararam contra os cavalos em que estavam ele e mais dois funcionários da fazenda. A versão de Rainha é diferente. Segundo o líder dos sem-terra, ele chegou à fazenda por volta das 10h de sábado, quando a ocupação já havia ocorrido.
Rainha disse que, depois de participar de uma assembléia, estava deixando a área dirigindo um veículo Gol com mais dois militantes do MST: a secretária Fátima Cerqueira e o líder da regional do MST de Teodoro Sampaio, Sérgio Pantaleão. "Em uma curva surgiram três cavaleiros. O Roberto chegou ao meu lado e disse que eu iria morrer. Saltei do carro e fugi, com ele atrás atirando. Mesmo ferido consegui pular uma cerca e entrar no mato."
Sérgio Pantaleão teria se fingido de morto para escapar da perseguição. Fátima Cerqueira também teria sido ameaçada.
Depois do atentado contra Rainha, as cerca de 200 famílias que haviam ocupado a área deixaram a fazenda.



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