São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Temer diz que partido quer nomear todos os cargos

PMDB exige ocupar "toda a estrutura" de ministérios

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), disse ontem que o partido não quer apenas indicar os ministros na reforma proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e sim assumir "toda a infra-estrutura" das pastas.
Pelo acordo, o PMDB deve ficar com Previdência Social e Comunicações -esta com o deputado federal Eunício Oliveira.
"Não queremos apenas indicar ministros. Queremos ocupar o ministério com toda a sua infra-estrutura, nomeando dirigentes para todos os cargos", disse Temer, que participou em Salvador (BA) do pré-lançamento da candidatura do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) à prefeitura.
Na verdade, o partido quer evitar que ocorra com o PMDB o mesmo que houve com outros aliados, como o PL do vice-presidente José Alencar. Apesar de ter indicado o ministro dos Transportes (Anderson Adauto), foi o PT quem escolheu o secretário-executivo da pasta, Keiji Kanashiro, amigo de Lula desde 78.
Segundo Temer, a proposta do partido não pode ser considerada fisiologismo. "Trata-se de uma racionalidade política, e não de uma exigência do PMDB", afirmou.
Nas entrelinhas, Michel Temer tentou explicar a importância da Previdência para o partido. "A Previdência vai tirar do PMDB o estigma de fisiologismo político. É uma pasta técnica, com muitos problemas e complicações."
No entanto o presidente nacional do PMDB disse que a palavra final sobre a reforma será dada por Lula. "Nós [o PMDB] ajudamos o governo a aprovar os seus projetos durante um ano e não exigimos nada em troca. Então, vamos aguardar a palavra final do presidente", acrescentou.
Segundo Temer, o apoio às medidas tomadas pelo governo não vai prejudicar os candidatos do partido nas próximas eleições. "Vamos respeitar as características de cada cidade. Assim, o PMDB quer fazer um pacto com o PT, preservando eventuais coligações no segundo turno."
O deputado Geddel Vieira Lima criticou a decisão do PMDB. "Acho que o partido não tem de estar em ministério coisa nenhuma. O que o governo nos ofereceu demonstra apenas uma coisa: o PMDB assumiu o governo, mas o governo não assumiu o PMDB."
Segundo Geddel, o PMDB está "pagando um preço alto" ao aceitar os dois ministérios propostos pelo presidente. "O partido paga um preço muito alto por ter em seus quadros o senador José Sarney, que tem voz forte dentro do PMDB." Para ele, a "demora" de Lula em fechar a reforma também é prejudicial ao PMDB. "Qualquer que seja o ministro, depois de tanta demora, vai assumir o cargo sem nenhuma força."


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