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DANÇA DOS MINISTROS
Temer diz que partido quer nomear todos os cargos
PMDB exige ocupar "toda a estrutura" de ministérios
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O presidente nacional do
PMDB, deputado federal Michel
Temer (SP), disse ontem que o
partido não quer apenas indicar
os ministros na reforma proposta
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, e sim assumir "toda a infra-estrutura" das pastas.
Pelo acordo, o PMDB deve ficar
com Previdência Social e Comunicações -esta com o deputado
federal Eunício Oliveira.
"Não queremos apenas indicar
ministros. Queremos ocupar o
ministério com toda a sua infra-estrutura, nomeando dirigentes
para todos os cargos", disse Temer, que participou em Salvador
(BA) do pré-lançamento da candidatura do deputado Geddel
Vieira Lima (PMDB) à prefeitura.
Na verdade, o partido quer evitar que ocorra com o PMDB o
mesmo que houve com outros
aliados, como o PL do vice-presidente José Alencar. Apesar de ter
indicado o ministro dos Transportes (Anderson Adauto), foi o
PT quem escolheu o secretário-executivo da pasta, Keiji Kanashiro, amigo de Lula desde 78.
Segundo Temer, a proposta do
partido não pode ser considerada
fisiologismo. "Trata-se de uma racionalidade política, e não de uma
exigência do PMDB", afirmou.
Nas entrelinhas, Michel Temer
tentou explicar a importância da
Previdência para o partido. "A
Previdência vai tirar do PMDB o
estigma de fisiologismo político. É
uma pasta técnica, com muitos
problemas e complicações."
No entanto o presidente nacional do PMDB disse que a palavra
final sobre a reforma será dada
por Lula. "Nós [o PMDB] ajudamos o governo a aprovar os seus
projetos durante um ano e não
exigimos nada em troca. Então,
vamos aguardar a palavra final do
presidente", acrescentou.
Segundo Temer, o apoio às medidas tomadas pelo governo não
vai prejudicar os candidatos do
partido nas próximas eleições.
"Vamos respeitar as características de cada cidade. Assim, o
PMDB quer fazer um pacto com o
PT, preservando eventuais coligações no segundo turno."
O deputado Geddel Vieira Lima
criticou a decisão do PMDB.
"Acho que o partido não tem de
estar em ministério coisa nenhuma. O que o governo nos ofereceu
demonstra apenas uma coisa: o
PMDB assumiu o governo, mas o
governo não assumiu o PMDB."
Segundo Geddel, o PMDB está
"pagando um preço alto" ao aceitar os dois ministérios propostos
pelo presidente. "O partido paga
um preço muito alto por ter em
seus quadros o senador José Sarney, que tem voz forte dentro do
PMDB." Para ele, a "demora" de
Lula em fechar a reforma também
é prejudicial ao PMDB. "Qualquer que seja o ministro, depois
de tanta demora, vai assumir o
cargo sem nenhuma força."
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