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NO AR
Trabalho honesto
NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA
Lula não aceita que se fale
de reforma ministerial, na
TV. Mas não fala de outra coisa,
no palácio.
Ou melhor, oferece aos telejornais uma alternativa de "photo-op", oportunidade de imagem,
na Granja do Torto. Com Zeca
Pagodinho.
Foi uma oportunidade para
ajudar nas vendas do DVD do
cantor. Em troca, o presidente se
mantém popular entre os fãs de
pagode.
Enquanto Lula vendia DVD, o
JN mostrava cenas angustiantes
do desemprego:
- Candidatos a trabalho temporário formam fila de dois quilômetros e meio.
Isso, no Amazonas. Em São
Paulo, a fila era outra, por atendimento médico.
A administração petista desativou o 0800 que tinha para
marcar consultas -e as filas
voltaram a postos como o de Sapopemba.
Em plena semana dos 450
anos, o destaque nos telejornais
locais foi para imagens de fila e a
notícia de que postos limitaram
o atendimento.
O novo secretário mal conseguia articular respostas a perguntas como:
- A zona leste é a mais populosa da cidade. O posto mostrado não tem clínico geral. A distribuição de senhas é desastrosa.
O que acontece?
Em outra passagem, o locutor
criticou:
- Não dá para funcionário ficar de braços cruzados enquanto
o pessoal espera.
E o secretário:
- Essas questões gerais nós
vamos resolver. E vamos tentar
melhorar de novo a colocação de
médicos este ano.
Este ano é de eleição, afinal.
Por falar em fila, um deputado
federal tucano, Serafim Venzon,
tentou furar a do transplante de
medula. Era para uma vizinha.
Dele, no JN:
- O ministro foi extremamente ágil. Em três dias foram liberados os entraves.
O ministro petista Humberto
Costa não deu as caras.
Ontem, na cobertura da Globo
News, de novo:
- Não houve sessão.
O tema era a "convocação extraordinária" do Congresso. E de
novo com tiradas de Inocêncio
Oliveira.
O pefelista disse que deputado
nenhum gosta de receber o "dinheiro extra". Mas por que não
devolvem?
- Porque precisamos respeitar a Constituição. Eu mesmo
não vou devolver. Porque o meu
trabalho é honesto.
Na CBN, Franklin Martins
aconselhou:
- Em vez de pagar a conta do
desgaste, o Congresso deveria
votar logo a mudança na duração do recesso.
Aquelas férias de três meses.
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