São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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NO AR

Trabalho honesto

NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA

Lula não aceita que se fale de reforma ministerial, na TV. Mas não fala de outra coisa, no palácio.
Ou melhor, oferece aos telejornais uma alternativa de "photo-op", oportunidade de imagem, na Granja do Torto. Com Zeca Pagodinho.
Foi uma oportunidade para ajudar nas vendas do DVD do cantor. Em troca, o presidente se mantém popular entre os fãs de pagode.
 
Enquanto Lula vendia DVD, o JN mostrava cenas angustiantes do desemprego:
- Candidatos a trabalho temporário formam fila de dois quilômetros e meio.
Isso, no Amazonas. Em São Paulo, a fila era outra, por atendimento médico.
A administração petista desativou o 0800 que tinha para marcar consultas -e as filas voltaram a postos como o de Sapopemba.
Em plena semana dos 450 anos, o destaque nos telejornais locais foi para imagens de fila e a notícia de que postos limitaram o atendimento.
O novo secretário mal conseguia articular respostas a perguntas como:
- A zona leste é a mais populosa da cidade. O posto mostrado não tem clínico geral. A distribuição de senhas é desastrosa. O que acontece?
Em outra passagem, o locutor criticou:
- Não dá para funcionário ficar de braços cruzados enquanto o pessoal espera.
E o secretário:
- Essas questões gerais nós vamos resolver. E vamos tentar melhorar de novo a colocação de médicos este ano.
Este ano é de eleição, afinal.
 
Por falar em fila, um deputado federal tucano, Serafim Venzon, tentou furar a do transplante de medula. Era para uma vizinha. Dele, no JN:
- O ministro foi extremamente ágil. Em três dias foram liberados os entraves.
O ministro petista Humberto Costa não deu as caras.
 
Ontem, na cobertura da Globo News, de novo:
- Não houve sessão.
O tema era a "convocação extraordinária" do Congresso. E de novo com tiradas de Inocêncio Oliveira.
O pefelista disse que deputado nenhum gosta de receber o "dinheiro extra". Mas por que não devolvem?
- Porque precisamos respeitar a Constituição. Eu mesmo não vou devolver. Porque o meu trabalho é honesto.
Na CBN, Franklin Martins aconselhou:
- Em vez de pagar a conta do desgaste, o Congresso deveria votar logo a mudança na duração do recesso.
Aquelas férias de três meses.


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