São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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4º FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Marco Aurélio Garcia diz que presidente já tinha compromisso na Índia no dia 25, mas afirma que ele também não irá a Davos

Governo justifica ausência de Lula em fóruns

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI

O assessor para assuntos internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, justificou ontem a ativistas e militantes de organizações não-governamentais a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Social Mundial, que termina hoje em Mumbai.
Garcia, que chegou ontem à Índia, também explicou ao mesmo público ausência de Lula em Davos, na Suíça, onde ocorrerá o Fórum Econômico Mundial.
"Lula não veio a Mumbai porque já tinha um compromisso marcado para o Dia Nacional da Índia, na próxima semana, e não há razão particular para que participe neste ano de Davos", disse Garcia a uma platéia de aproximadamente 300 pessoas. O presidente chega à Índia no dia 25.
O assessor para assuntos internacionais de Lula participou ontem da mesa redonda "Combatendo o Unilateralismo e a Reforma da ONU". Depois de iniciado o debate, Garcia pediu a palavra e justificou a ausência do presidente brasileiro. No ano passado, logo após sua posse, Lula foi ao Fórum Social, em Porto Alegre, e Econômico, em Davos.
Garcia ainda anunciou para a platéia que, no próximo dia 30, Lula estará em Genebra, conversando com o presidente francês, Jacques Chirac, e com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sobre a criação de fundo internacional de combate à pobreza.
Durante as discussões, Garcia reafirmou os principais pontos da política externa brasileira: o fortalecimento do Mercosul e a aproximação com os países da região. Citou a importância da África e da criação do G3, grupo que inclui o Brasil, a Índia e a África do Sul.
O objetivo do G3, disse Garcia, além de intensificar as relações comerciais, é atuar conjuntamente nas negociações que ocorrem no âmbito das Nações Unidas. Juntos, esses três países teriam mais força para lutar pelo aumento do número de membros no Conselho de Segurança da ONU e para obter assento permanente.
Há uma possibilidade de o Mercosul e a Índia assinarem um acordo comercial, durante a viagem de Lula ao país. Se isso ocorrer, os ministros das Relações Exteriores dos demais países do bloco também terão de viajar para a Ásia. Garcia informou ainda que o Brasil está participando do comitê que estuda uma proposta de reforma da ONU.
Para o governo, o mais importante é romper o unilateralismo que se instalou nas Nações Unidas e na OMC (Organização Mundial do Comércio). Os Estados Unidos, a maior economia capitalista do planeta, dominam as duas instituições. Ainda assim, Garcia não citou uma única vez os EUA. Falou sempre em "países desenvolvidos".
"Buscamos eliminar as assimetrias nas relações comerciais e combater fortemente o protecionismo dos países desenvolvidos", afirmou. Durante o debate, alguns militantes de ONGs defenderam o fim das Nações Unidas. O governo brasileiro, informou Garcia, é totalmente contrário à idéia. "Pode ser ruim ter a ONU, a OMC e outros organismos multilaterais, como temos hoje. Mas é pior não tê-los, por isso é preciso reformá-los", disse.
Marco Aurélio informou que o governo irá apresentar, durante a reunião do Unctad, que ocorre em julho, em São Paulo, as proposta de criação de duas novas áreas de livre comércio: o G20 e o G3. A proposta será apresentada na Unctad porque o Brasil quer fortalecer essa instância da ONU.


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