São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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Jogo inflaria orçamento da pasta

FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC

O desejo de Agnelo Queiroz de regulamentar os bingos tinha motivação clara: graças ao dinheiro arrecadado com o jogo, o ministro do Esporte poderia mais que dobrar o orçamento de sua pasta.
No projeto que o governo tocava sobre a exploração dos bingos -concebido na Casa Civil, mas com ajuda da Caixa Econômica Federal e da Receita-, ao qual a Folha teve acesso, o Esporte seria o órgão mais beneficiado com a eventual regulamentação.
O texto propunha a criação do Fundo Social do Desporto, que receberia 10% do total arrecadado com o jogo e seria gerido pela pasta de Agnelo. Dos 90% restantes, 55% seriam para a premiação, 25% para administração, 5% para a Caixa e 5% para Estados e DF.
Conforme cálculos da Caixa, os 10% para o Esporte somariam R$ 80 milhões anuais num primeiro momento, em 2004, e poderiam chegar a R$ 150 milhões. Na média, corresponde ao dobro do que a pasta teve em 2003: orçamento para investimento de R$ 111 milhões. Para 2004, serão R$ 120 mi.
Desde que assumiu o cargo, Agnelo colocou entre suas prioridades a regulamentação dos bingos. O Esporte tinha assento na comissão interministerial criada por Lula para tratar do tema -era representado pelo consultor jurídico Francisco Guimarães.
Se até ontem o ministério defendia com fervor a regulamentação do bingo, após o anúncio da MP do governo a posição mudou. "Bingo é um assunto que não diz respeito ao Ministério do Esporte", afirmou, à noite, o secretário-executivo da pasta, Orlando Júnior -à tarde, ele dissera que o caso Waldomiro só ressaltava a necessidade de legalizar o jogo.
Postura semelhante teve o deputado Gilmar Machado (PT-MG), maior defensor dos bingos na bancada petista na Câmara. "Para mim, [a MP] é até melhor. É um problema a menos", disse o relator do Estatuto do Desporto.


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