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ELIO GASPARI
A expectativa de vida no MEC é baixa
Os ministros da Educação
do petista passam mais
tempo na fritura do que cuidando do expediente
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PARECE FALTAR pouco para que
Lula substitua seu terceiro
ministro da Educação, entregando a sesmaria a Marta Suplicy.
Sete brasileiros ocuparam a Presidência por mais de quatro anos. Só
um (José Sarney) teve quatro ministros da Educação. Atualmente, a expectativa de vida dos titulares da cadeira está em 17 meses.
Na área do ensino, Nosso Guia
acumulou promessas, marquetagens e instabilidades. Seu programa
Brasil Alfabetizado faz companhia
ao Fome Zero, ao Primeiro Emprego e ao Papel Passado, que prometia
a regularização da propriedade de
lotes urbanos. O MEC virou uma
pastelaria. Seus titulares passam
mais tempo na fritura do que cuidando do expediente. Como diria o
senador Marco Maciel, "as conseqüências vêm depois". Estão aí os
resultados desastrosos das duas
principais avaliações do ensino nacional, o Saeb e o Enem.
Cinco em cada cem jovens com
idade entre 15 e 20 anos são analfabetos. Vivem em verdadeiras fábricas de ignorância. Elas situam-se em
pequenos municípios rurais (60%
desses jovens), quase sempre no
Nordeste (65%). Parece haver uma
coincidência entre o mapa do plantio de cana e o analfabetismo da garotada. Alfabetizar adultos é uma
boa idéia, mas deixar um pedaço da
juventude no analfabetismo é idéia
de jerico.
Em dezembro de 2003 o chefe da
Casa Civil, José Dirceu, dizia o seguinte: "O Brasil precisa enfrentar o
problema da universidade pública.
Como esse é um tema muito polêmico, o pau vai comer, como aconteceu na reforma da Previdência. E vamos tomar partido, porque gostamos, somos bons de disputa política
e social".
Blablablá do período de esplendor
do comissário. Três meses depois
começou a circular em Brasília a palavra "mesada". A reforma universitária nem ao papel chegou.
Enquanto fala-se muito de evasão
escolar nos ciclos fundamental e
médio, os dados dos cursos superiores confirmam que é uma malvadeza impor a um jovem de 17 a 20 anos
a escolha de uma profissão.
De cada cem jovens que entram
numa faculdade de engenharia só 41
concluem esse curso. Metade dos
que entram em escolas de administração vão adiante antes da formatura. Nas faculdades de direito a saída é de 38%.
Essa estatística não mostra que os
alunos desistiram do estudo, pois
muitos migraram, passando por
percalços burocráticos e curriculares. Todo mundo teria a ganhar se
fossem criadas escolas-piloto com
cursos genéricos de dois ou três
anos, ao fim dos quais o jovem escolheria seu destino profissional.
Seja quem for o ministro da Educação, tomara que se dedique a expor as contas das universidades sustentadas pela Viúva. Se um servidor
colocar fundos públicos para render
juros num banco privado, arrisca ir
para a cadeia.
Esse receio não atinge alguns reitores. Outro dia, quando o MEC
anunciou um esboço de reforma do
ensino superior, o doutor Lúcio José
Botelho, reitor da Federal de Santa
Catarina e vice-presidente da guilda
de dirigentes das universidades federais, disse o seguinte ao repórter
Demetrio Weber:
"Gostaríamos de ver resolvida antes a nossa pauta histórica de autonomia universitária, reposição de
professores e plano de saúde para
professores e servidores".
O Magnífico prefere Bradesco ou
SulAmérica. Com azeitona ou casca
de limão?
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