São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO
Demissão de coordenador da Segurança e crise no setor reabrem a discussão sobre o fim da aliança com o PDT no governo estadual
PT volta a ameaçar romper com Garotinho

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

A crise na segurança pública do Rio, com a demissão do ex-coordenador da Segurança Luiz Eduardo Soares, ameaça agora a aliança entre o governador Anthony Garotinho (PDT) e o PT.
O secretário de Planejamento, Jorge Bittar (PT), fiel aliado de Garotinho, atacou ontem duramente o governador e disse que o episódio abre a possibilidade de que o PT saia do governo.
"As nossas relações estão profundamente abaladas. Vamos avaliar esse processo para ver se continuamos ou não no governo. Há uma grave crise de governo", afirmou Bittar, da corrente Articulação, braço petista no governo.
O PT discutirá o caso em reunião na quinta, com a presença de Soares, autor das denúncias sobre a presença da "banda podre" da polícia em cargos de chefia.
O grupo petista Refazendo, crítico da aliança com o PDT, voltou a defender a saída do PT do governo. A Articulação já teve um encontro com Soares anteontem, na casa do ex-coordenador.
Bittar, a vice-governadora Benedita da Silva (PT) e o presidente estadual do PT, Carlos Santana, pediram a Garotinho que reconsiderasse a demissão de Soares.
Na saída, Bittar criticou Garotinho e seu estilo "extremamente solitário" de tomar decisões. "O governador nunca nos chamou para decisões estratégicas e isso nos causa profundo incômodo. Não somos funcionários, somos companheiros num projeto."
As críticas da Articulação a Garotinho vêm justamente na semana que antecede as prévias de domingo, quando os militantes petistas devem escolher se o candidato à Prefeitura do Rio será Benedita ou o ex-deputado Vladimir Palmeira, da Refazendo.
Num debate no sábado, defensores da candidatura de Palmeira atacaram os de Benedita chamando-os de "banda podre". O grupo de Benedita está reagindo com o apoio ostensivo a Soares.
Bittar disse, por exemplo, que não considerou correta a divulgação feita por Garotinho da conversa telefônica com o ex-coordenador, quando lhe comunicou sua demissão, já anunciada pela TV. "Discordamos do método e do conteúdo", disse Bittar.
Ele lembrou que Soares não é filiado ao PT, mas disse que a política de respeito aos direitos humanos defendida por ele é um dos pilares do partido.
No ano passado, quando Garotinho chamou o PT de "Partido da Boquinha" (que só pensa nos cargos), parte dos petistas deixou o governo, mas a Articulação decidiu ficar. Para Bittar, essa crise é "tão séria" quando a anterior.
Garotinho disse que não deseja a saída do PT do governo e que guardou para si a conversa com a comissão petista. Questionado sobre a eventual crise, deu sua resposta habitual: "Que crise?"
O PDT lançaria ontem à noite a candidatura do presidente nacional do partido, Leonel Brizola, à prefeitura. Brizola também criticou a demissão de Soares.


Colaborou Sabrina Menezes, da Sucursal do Rio


Texto Anterior: Campanha: São Paulo precisa de um xerife na prefeitura, afirma Tuma
Próximo Texto: Valor do salário: Malan e ACM trocam crítica por mínimo
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.