São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2000


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VALOR DO SALÁRIO
Ministro pede maturidade na discussão; para presidente do Senado, aumento de R$ 14 é "ofensivo"
Malan e ACM trocam crítica por mínimo

LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

O presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e o ministro Pedro Malan (Fazenda) trocaram críticas ontem, durante encontro com empresários em Salvador, sobre a polêmica na definição do valor do novo salário mínimo.
"Eu aceito a eloquência, a paixão e a emoção na discussão deste assunto, desde que haja racionalidade e maturidade política", disse Malan, num recado a ACM, que transformou o assunto em bandeira política. O PFL quer que o mínimo passe dos atuais R$ 136 para cerca de R$ 180 (US$ 100). A equipe econômica quer que o valor fique próximo a R$ 150.
ACM reagiu, fazendo um discurso de improviso: "Pense (referindo-se ao ministro) que o salário mínimo não pode ter um aumento de apenas R$ 14. Isso é ofensivo ao trabalhador brasileiro e à sociedade".
Pelo cerimonial da Associação Comercial da Bahia, onde ocorreu a palestra de Malan, o senador não deveria discursar. Ele acrescentou que cabe ao governo dizer de onde vai tirar os recursos para reajustar o mínimo.
"Os técnicos do governo dizem que não sabem de onde vão tirar o dinheiro. Ora, quem tem de dizer quais são as fontes dos recursos é o governo e mais ninguém."
ACM disse ser a favor de um possível escalonamento do aumento (leia texto abaixo). "Sou a favor da proposta, desde que o salário mínimo seja reajustado inicialmente para R$ 160", afirmou.
Depois de falar, o senador quebrou novamente o protocolo ao dizer que o ministro "podia" comentar suas declarações.
Malan afirmou que, nesta semana, vai encaminhar ao PFL e à Previdência Social estudo que demonstra o impacto do reajuste nas contas do governo. Segundo ele, elas terão um aumento de R$ 1 bilhão para cada R$ 5 de aumento no salário mínimo acima dos R$ 145 previstos inicialmente.
"A única coisa que tenho a dizer é que nós não vamos abrir mão de manter a inflação sob controle'", disse. Ele previu que o país fechará este ano com inflação de 6%, um crescimento de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) e taxa de desemprego inferior a 7,6%- índice registrado no ano passado.

São Paulo
Antonio Carlos Magalhães também aproveitou a ocasião para voltar a criticar o "excesso" de políticos e técnicos de São Paulo que integram o governo Fernando Henrique Cardoso.
"Os ministros da Saúde (José Serra), da Educação (Paulo Renato) e do Desenvolvimento (Alcides Tápias) são de São Paulo. Os presidentes da Petrobras e do BNDES também são de São Paulo", afirmou. Ele lembrou ainda que o Estado vai receber R$ 2,4 bilhões dos R$ 2,5 bilhões de investimentos previstos para este ano no setor de informática.
"Eu estou com a razão quando critico o governo. Agora, minha voz é menor do que o poder econômico de São Paulo. Eu tenho a razão. São Paulo tem o poder econômico."


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