da Reportagem Local

O presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), disse ontem duvidar que o PFL vá acompanhar o senador Antonio Carlos Magalhães (BA) e votar a favor de um salário mínimo de US$ 100, cerca de R$ 180. Segundo Dirceu, o aumento do mínimo como forma de estimular o crescimento econômico do país é uma bandeira histórica do PT, divulgada pelo deputado Paulo Paim (RS).
Para Dirceu, não basta ter salários mais altos, mas é preciso uma mudança no modelo econômico brasileiro, o que não estaria nos planos do PFL. Segundo o deputado, o partido está "jogando para a platéia", fazendo campanha para as eleições municipais.
"O senador ACM é responsável por essa situação. Apóia o FMI e o ajuste fiscal. O ministro Pedro Malan é homem de ACM. O PFL é o partido do fisiologismo, é o partido do narcotráfico. Os parlamentares cassados são do PFL e ninguém fala nisso", disse Dirceu, em seminário sobre o álcool combustível organizado pelo Instituto Cidadania, ligado ao PT.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, considerou as declarações de Dirceu "levianas, extemporâneas e generalizadas". Segundo ele, Dirceu "perdeu as condições de representar o PT".
O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva quer uma discussão mais profunda sobre as fontes que poderiam permitir o aumento do mínimo. Para Lula, ao criticar a proposta de elevá-lo a R$ 180, FHC "pensa pequeno" e incentiva a sociedade a fazer o mesmo.
Lula chamou de "briga de compadre" as desavenças entre ACM e FHC em torno do salário mínimo. " É briga para inglês ver. Sabem que se brigarem, facilitam para a esquerda chegar ao poder".
Numa discussão pela Internet ontem, no Bate-papo do UOL, o ex-deputado Hélio Bicudo, presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA (Organização dos Estados Americanos), afirmou que o salário mínimo brasileiro é uma "violação aos direitos humanos". O comentário foi resposta a um internauta que citou o relatório do governo norte-americano que condenou o valor do salário mínimo no Brasil.


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