São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2000


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GOVERNO
Ministério Público tenta evitar que Grossi assuma diretoria de Fiscalização
Procurador quer barrar posse no BC

ABNOR GONDIM
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

O Ministério Público Federal irá à Justiça para impedir que Tereza Cristina Grossi ocupe a diretoria de Fiscalização do Banco Central enquanto não for concluído o inquérito que apura sua participação em atos de improbidade administrativa. Grossi já teve seus bens bloqueados pela Justiça, mas a medida foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Indicada para o cargo na semana passada, ela será sabatinada hoje na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, com grandes chances de ser aprovada. Nos últimos dias, o presidente Fernando Henrique Cardoso participou das negociações para aprovar a indicação dela ao cargo.
Os procuradores Guilherme Schelb e Luiz Francisco de Souza trabalham com duas opções: cancelar a posse, caso ela aconteça logo após a aprovação do nome pelo plenário do Senado, ou impedir Grossi de exercer a função até que a Justiça se pronuncie sobre as acusações de improbidade administrativa feitas contra ela.
Grossi é acusada em quatro ações encaminhadas à Justiça Federal por sete procuradores da República. As ações têm como base as investigações feitas no Senado pela CPI dos Bancos.
Funcionária de carreira do BC, Grossi é acusada de ser uma das responsáveis pelo socorro aos bancos Marka e FonteCindam, em janeiro de 1999, que teria causado um prejuízo superior a US$ 1 bilhão aos cofres públicos.
"Essa indicação é um acinte ao Senado, porque a CPI dos Bancos comprovou o envolvimento dela nesse episódio", disse Schelb. "O Ministério Público entende que ela não preenche os requisitos de idoneidade moral que o cargo exige", acrescentou Souza.
A Folha apurou que FHC ligou para senadores da CAE para conseguir votos favoráveis a Grossi. FHC tem o apoio do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e do PMDB, que pediu a todos os seus titulares na CAE que compareçam à sabatina para impedir que dois suplentes, Roberto Requião (PR) e Pedro Simon (RS), votem contra Grossi.
Segundo os procuradores, Grossi teve "participação direta" no socorro aos bancos por ter pedido à Bolsa de Mercadorias & Futuros a elaboração de uma carta com a alegação de "risco sistêmico" para justificar a operação. Ela era chefe interina do Departamento de Fiscalização do BC.
A assessoria de imprensa do BC informou que não iria comentar o caso. A Folha procurou Grossi, mas ela não se manifestou até a conclusão desta edição.


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