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PREVIDÊNCIA
Segundo estimativa de um auditor fiscal do INSS, os prejuízos totais chegariam a R$ 16,6 mi
Waldeck manda apurar fraudes no Rio
da Sucursal do Rio
O ministro da Previdência Social, Waldeck Ornélas, anunciou
ontem a abertura de uma auditoria para apurar casos de fraude
em cinco postos do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social)
no Rio.
A estimativa de prejuízos gerados ao ano com as fraudes é de R$
16,6 milhões, segundo o auditor
fiscal do INSS, Paulo César Nascimento.
O caso mais grave é na unidade
de São Gonçalo (Grande Rio), onde 60 trabalhadores foram dados
como mortos pelos computadores do posto.
A fraude permitiu a concessão
de cem pensões a falsas viúvas,
causando um prejuízo aproximado de R$ 1 milhão.
O golpe foi descoberto, depois
de quatro meses de investigações,
pela chamada força-tarefa formada por integrantes da Polícia Federal, Procuradoria da República
e INSS.
O ministro disse que já foram
identificados pelo menos 1.500
processos fraudulentos em outros
quatro postos do instituto no Rio
-Laranjeiras (zona sul), Praça da
Bandeira (zona norte), Irajá (zona
norte) e Xavier da Silveira (Copacabana).
A maioria dos processos por
fraude nesses locais está relacionada a aposentadorias por tempo
de serviço, concedidas a pessoas
cujos vínculos empregatícios e valores de remuneração não foram
confirmados.
Ornélas acredita que os fraudadores são funcionários do INSS,
que têm acesso à rede de computadores.
Em São Gonçalo, três suspeitos
de envolvimento já foram afastados de seus cargos.
Um fraudador, cujo nome não
foi revelado pela força-tarefa, seria o responsável por 60% das irregularidades da agência de São
Gonçalo.
Aumento
De acordo com a equipe de investigação do instituto, o número
de casos fraudulentos nessa agência nos últimos cinco anos subiu
de 25, em 1995, para 83, no ano
passado.
A força-tarefa antifraude constatou ainda que algumas falsas
viúvas envolvidas nos processos
investigados forneceram o mesmo endereço ao Ministério da
Previdência.
A Folha esteve na residência indicada por uma dessas supostas
viúvas, mas a proprietária do
imóvel, Carmem Regina da Silva
Coutinho, 34, disse que não existem pensionistas do INSS em sua
casa.
Segundo ela, a residência em
que vive foi adquirida em dezembro do ano passado.
O antigo morador se chamaria
Miguel Matias de Melo.
Banda podre
O ministro Waldeck Ornélas
ressaltou que os segurados não
são necessariamente os autores
da fraude.
De qualquer forma, os nomes
citados nos processos deverão ter
seus benefícios bloqueados temporariamente.
Segundo o ministro, o mau
atendimento e a ineficiência nos
postos do INSS não são decorrentes de problemas administrativos,
mas uma forma de facilitar a corrupção interna.
Para Ornélas, a dificuldade em
punir os fraudadores é consequência de uma "legislação frágil
a esse respeito".
Ele disse que vai propor um
projeto de lei que prevê o afastamento dos servidores envolvidos
até que o inquérito policial seja
concluído.
Atualmente, segundo o ministro, o suspeito fica suspenso durante 60 dias e recebe integralmente seu salário.
"Nós precisamos erradicar e extinguir essa banda podre do
INSS", disse o ministro, usando a
expressão que está em voga no
Rio para se referir aos policiais
corruptos.
Para ele, a questão da fraude do
INSS no Rio de Janeiro é maior
que em outros Estados. "Essa tradição tem de acabar."
Segundo ele, 226 funcionários
do INSS foram demitidos desde
1998 porque cometeram irregularidades; 116 das demissões ocorreram no Rio de Janeiro.
O ministro anunciou ainda que
as agências do INSS no Rio deverão passar por um processo de reforma visando melhoria no atendimento.
Uma das medidas é reduzir o
número de benefícios por unidade. No posto de São Gonçalo, por
exemplo, são 94 mil.
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