São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2000


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ARAPONGAS
Federação dos policiais federais é contrária a projeto
Diretor da PF diz que concorda que agente da Abin porte arma

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

O diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, disse ontem concordar com o projeto de lei que prevê o porte de arma para agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A opinião de Monteiro se contrapõe às posições defendidas pela Federação Nacional dos Policiais Federais e atenua supostas divergências da PF com o general Alberto Cardoso (Segurança Institucional), responsável pela Abin e pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas).
"Qualquer cidadão tem direito a porte de arma, desde que preencha os requisitos, e um servidor público pode também ter o mesmo direito", afirmou Monteiro.
Ele deu essas declarações ao ser questionado sobre a concessão de porte de armas aos agentes da Abin, após participar de seminário na academia da PF.
"Não vamos fazer disso nenhum cavalo de batalha", disse Monteiro. A federação dos policiais federais fez protestos e aprovou moção contra dispositivo favorável aos agentes da Abin que está contido no projeto de lei sobre armas que tramita no Congresso. "Quem trabalha com inteligência não deve usar arma", disse o presidente da federação, Jorge Venerando. "Somente os integrantes de órgãos voltados à segurança pública devem ter porte."

Reação
O diretor-geral da PF negou que tenha desentendimentos com o general Cardoso por causa da Abin. Também negou que exista projeto destinado a transferir a PF para a competência do Gabinete de Segurança Institucional.
"O ministro da Justiça, José Carlos Dias, nunca me falou sobre isso", disse, sobre vincular a PF ao gabinete de Cardoso. Ontem, o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, também disse que não existe possibilidade de a responsabilidade pela PF sair do Ministério da Justiça e ir para o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
"Esse tema nunca foi discutido com o presidente. O próprio gabinete jamais cogitou esse tema", afirmou. "A Polícia Federal sempre esteve na esfera do Ministério da Justiça e assim vai permanecer." Os ministros José Carlos Dias e Alberto Cardoso não foram localizados ontem.
Outra disputa entre as duas pastas é o combate ao narcotráfico. A PF faz a repressão, atividade reivindicada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), subordinada a Cardoso.
As disputas entre o Ministério da Justiça e o Gabinete de Segurança Institucional motivaram, na semana passada, uma reclamação de FHC durante cerimônia no Planalto. "A ação de combate às drogas tem de ser cada vez mais coordenada, sem querelas burocráticas de uns e de outros", disse o presidente.


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