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ALIADOS EM CRISE
Apelo a ACM e Jader lembra "convergência" na crise de 99
FHC usa ameaça econômica para contornar crise política
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso argumentou com a
piora do cenário econômico para
tentar pacificar sua base aliada e
retomar a votação de projetos de
interesse do Planalto no Congresso. FHC combinou ontem com o
líder do governo no Senado, José
Roberto Arruda (PSDB-DF), os
termos de um discurso pregando
o "entendimento político" para
enfrentar as turbulências externas
e internas na economia.
Arruda esteve ontem pela manhã no Alvorada. O tom conciliatório foi proposto por FHC, usando como referência "o ideal juscelinista" -referência ao presidente Juscelino Kubitschek (1956-60).
"O presidente lembrou muito
os métodos de articulação política
de JK, que era de perdoar, de superar as dificuldades e de sempre
fazer um apelo ao entendimento",
afirmou Arruda. FHC, logo depois da reunião, fez um pronunciamento citando JK e comparando as ações dos dois governos.
Para o líder do governo, a preocupação do presidente com sua
base governista no Congresso é a
de evitar que "as fragilidades externas da economia se juntem às
dificuldades políticas internas".
De acordo com Arruda, FHC
disse que o cenário econômico
externo "é menos positivo" do
que há um mês. Ele citou as dificuldades na Argentina e a alta do
dólar no mercado brasileiro como
exemplos dos problemas.
Mais tarde, em plenário, Arruda
aplicou no discurso a estratégia
combinada com FHC. As propostas foram aplaudidas pelos aliados do governo e recebidas com
desconfiança pela oposição.
O presidente do Senado, Jader
Barbalho (PMDB-PA), e o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA) estavam presentes à
sessão, mas não comentaram a
proposta enquanto os aliados reforçavam o "apelo" de Arruda.
Ao pregar o "entendimento nacional", Arruda se dirigiu diretamente a ACM e a Jader. Ele lembrou que, em janeiro de 99, quando houve a crise cambial, uma
"convergência política" interna
possibilitou a aprovação das medidas propostas pelo governo.
"O senador Antonio Carlos, como presidente do Senado, teve
uma atuação fundamental para
salvar o Brasil", afirmou, provocando em ACM apenas gestos
afirmativos com a cabeça. Dizendo que Jader também é uma "liderança política importante", Arruda fez um "apelo na linha da
convergência e da harmonia".
Ontem à noite, os presidentes
do Senado e da Câmara e os líderes governistas nas duas Casas se
reuniriam para tentar estabelecer
uma pauta consensual de votações para tirar o Congresso da paralisia em que está desde a escolha
das presidências das Mesas.
Gripe do dólar
A eleição de Jader no Senado e
de Aécio Neves (PSDB-MG) na
Câmara deflagrou o racha na base
aliada. O PFL se sentiu alijado do
comando da aliança que apóia
FHC e ACM rompeu com o governo, ficando isolado no partido
e deflagrando uma série de denúncias de corrupção.
"Toda vez que o dólar espirra, o
real pega uma epidemia", ironizou o líder do bloco da oposição,
José Eduardo Dutra (PT-SE).
Ele disse a Arruda que, além de
se preocupar com os fatores econômicos externos, o governo deveria apoiar investigações de todas as denúncias de corrupção. Isso, segundo ele, também interfere
na situação da economia.
"O mercado é suscetível às denúncias de corrupção no governo. A impunidade contribui para
o descrédito da política", afirmou.
Saturnino Braga (PSB-RJ) afirmou que o governo brasileiro, ao
contrário do argentino, tem credibilidade para defender uma
união nacional e concordou que o
momento é "grave", principalmente por causa da crise econômica vivida por aquele país.
"Não podemos deixar que a política contamine a economia",
disse o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE).
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