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Governo recua sobre extinção de autarquias
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Pressionado pelos governadores do Nordeste, o governo federal recuou ontem
em sua retórica de extinção
da Sudene e da Sudam, as
superintendências regionais
de desenvolvimento apontadas como berço de fraudes.
Em reunião realizada ontem em Recife com oito dos
nove governadores do Nordeste (Roseana Sarney, do
Maranhão, não foi), o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) disse que
pretende apenas modificar o
atual mecanismo de concessão dos incentivos fiscais pelas autarquias, e não extingui-las. Em nenhum momento falou nas agências regionais, citadas anteriormente como substitutas das
superintendências.
O objetivo do novo modelo é acabar com o direito das
empresas interessadas em
investir de indicar quais projetos serão beneficiados. A
tarefa passaria a ser exclusiva das autarquias.
A verba sairia de fundos
formados a partir do recolhimento de um percentual
ainda não definido do Imposto de Renda arrecadado.
Hoje, as empresas interessadas podem optar por destinar 18% do IR que devem a
empreendimentos próprios
ou de terceiros. Quando a
verba vai para terceiros, o investidor recebe um certificado que o autoriza a comprar
ações de qualquer empresa
incentivada pelos fundos.
No novo modelo proposto
ontem, o beneficiado é obrigado a repassar à autarquia
ações da empresa no valor
equivalente ao que recebeu.
Os papéis seriam então negociados no mercado pelas
autarquias para a recomposição dos fundos.
"Com o novo sistema, evitaríamos a cobrança da corretagem, que é uma das
grandes fontes de desvios",
disse o ministro.
Segundo ele, a proposta será apresentada até o final
deste mês ao secretário da
Receita Federal, Everardo
Maciel, e ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Se aprovado, o projeto seria transformado em medida provisória e encaminhado ao Congresso Nacional.
Os governadores receberam a proposta com cautela.
Disseram que precisavam
estudá-la melhor e pediram
um prazo de 60 dias para isso, contado a partir da finalização do projeto.
A Sudene e a Sudam estão
envolvidas em denúncias de
desvio de recursos. Segundo
levantamento divulgado ontem pela própria Sudene, foram destinados R$ 395 milhões a 51 projetos irregulares, valor quase igual ao do
orçamento de 2000 para o
órgão (R$ 481,5 milhões).
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