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Contrato envolve família de ACM
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Uma concorrência pública realizada pela Fundação Luís Eduardo Magalhães para distribuir 630
mil livros didáticos em 130 municípios da Bahia beneficiou indiretamente a família do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), pai
do deputado morto em 1998 que
dá nome à instituição.
A criação da Fundação Luís
Eduardo Magalhães foi aprovada
pela Assembléia Legislativa da
Bahia como forma de homenagear o deputado. A fundação recebe verbas do Estado e de empresas particulares.
Por R$ 2.122.500, a Progress
Empreendimentos Editoriais
(uma empresa de Salvador) ganhou a concorrência para distribuir o material em mais de 500 escolas públicas do Estado.
Após vencer a concorrência, a
empresa repassou à Pronto Express o serviço de transporte dos
livros.
Os sócios da Pronto Express,
empresa criada no dia 7 de julho
do ano passado, são a Bahiapar e
Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior, filho de ACM e seu
suplente no Senado.
O mesmo filho do senador
ACM aparece como um dos sócios da Bahiapar, ao lado do empreiteiro César Mata Pires, um
dos donos da empreiteira OAS e
ex-genro do senador ACM.
Justificativa
"A nossa empresa não tem condições de efetuar a distribuição
dos livros. Então, escolhemos
uma outra empresa que realiza o
trabalho com perfeição, já que
também está acostumada a entregar jornais. Coincidentemente, a
empresa escolhida tem como um
dos donos o filho do senador Antonio Carlos Magalhães", afirma
Wilson José Silva Filho, diretor da
Progress Empreendimentos Editoriais.
Wilson Filho disse ainda que a
Pronto Express recebeu até agora
R$ 94,5 mil para distribuir os livros didáticos.
"Não houve nenhum tipo de favorecimento à família do senador
ACM. Nós simplesmente contratamos uma empresa que apresentou o menor preço e se comprometeu a realizar o trabalho dentro
do prazo fixado", declarou Wilson Filho.
Representação
O líder do PT na Assembléia Legislativa, Luiz Bassuma, disse que
vai encaminhar ao Ministério Público uma representação solicitando uma apuração para o caso.
"Por mais desmentidos que haja,
não podemos dizer que o negócio
foi às claras."
Segundo o deputado, é "estranho" que uma empresa que pertence à família do senador ACM
faça a distribuição de livros para
uma fundação que também recebe recursos do Estado.
"Em primeiro lugar, cabe à Secretaria da Educação fazer a distribuição dos livros. Se a secretaria não tem condições, existem
dezenas de empresas baianas que
podem fazer o serviço. Com a
contratação da Pronto Express
para distribuir os livros, fica evidente que o dinheiro do Estado
agora também está alimentando
outras empresas da família do senador", disse Luiz Bassuma.
Ele disse ainda que vai encaminhar ao Ministério Público um requerimento denunciando o favorecimento de verbas publicitárias
aos veículos de comunicação que
pertencem à família de ACM.
Apuração
Na semana passada, o procurador João Bosco disse que o Ministério Público está apurando denúncias de irregularidades na
propaganda oficial.
"Pelo que constatamos até agora, existem irregularidades", declarou o procurador. João Bosco
não quis revelar o teor do que encontrou.
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