São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2001

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Contrato envolve família de ACM

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Uma concorrência pública realizada pela Fundação Luís Eduardo Magalhães para distribuir 630 mil livros didáticos em 130 municípios da Bahia beneficiou indiretamente a família do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), pai do deputado morto em 1998 que dá nome à instituição.
A criação da Fundação Luís Eduardo Magalhães foi aprovada pela Assembléia Legislativa da Bahia como forma de homenagear o deputado. A fundação recebe verbas do Estado e de empresas particulares.
Por R$ 2.122.500, a Progress Empreendimentos Editoriais (uma empresa de Salvador) ganhou a concorrência para distribuir o material em mais de 500 escolas públicas do Estado.
Após vencer a concorrência, a empresa repassou à Pronto Express o serviço de transporte dos livros.
Os sócios da Pronto Express, empresa criada no dia 7 de julho do ano passado, são a Bahiapar e Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior, filho de ACM e seu suplente no Senado.
O mesmo filho do senador ACM aparece como um dos sócios da Bahiapar, ao lado do empreiteiro César Mata Pires, um dos donos da empreiteira OAS e ex-genro do senador ACM.

Justificativa
"A nossa empresa não tem condições de efetuar a distribuição dos livros. Então, escolhemos uma outra empresa que realiza o trabalho com perfeição, já que também está acostumada a entregar jornais. Coincidentemente, a empresa escolhida tem como um dos donos o filho do senador Antonio Carlos Magalhães", afirma Wilson José Silva Filho, diretor da Progress Empreendimentos Editoriais.
Wilson Filho disse ainda que a Pronto Express recebeu até agora R$ 94,5 mil para distribuir os livros didáticos.
"Não houve nenhum tipo de favorecimento à família do senador ACM. Nós simplesmente contratamos uma empresa que apresentou o menor preço e se comprometeu a realizar o trabalho dentro do prazo fixado", declarou Wilson Filho.

Representação
O líder do PT na Assembléia Legislativa, Luiz Bassuma, disse que vai encaminhar ao Ministério Público uma representação solicitando uma apuração para o caso. "Por mais desmentidos que haja, não podemos dizer que o negócio foi às claras."
Segundo o deputado, é "estranho" que uma empresa que pertence à família do senador ACM faça a distribuição de livros para uma fundação que também recebe recursos do Estado.
"Em primeiro lugar, cabe à Secretaria da Educação fazer a distribuição dos livros. Se a secretaria não tem condições, existem dezenas de empresas baianas que podem fazer o serviço. Com a contratação da Pronto Express para distribuir os livros, fica evidente que o dinheiro do Estado agora também está alimentando outras empresas da família do senador", disse Luiz Bassuma.
Ele disse ainda que vai encaminhar ao Ministério Público um requerimento denunciando o favorecimento de verbas publicitárias aos veículos de comunicação que pertencem à família de ACM.

Apuração
Na semana passada, o procurador João Bosco disse que o Ministério Público está apurando denúncias de irregularidades na propaganda oficial.
"Pelo que constatamos até agora, existem irregularidades", declarou o procurador. João Bosco não quis revelar o teor do que encontrou.


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