São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2001

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GRILAGEM

Corregedoria Geral de Justiça do Pará acata pedido do Incra contra suposto fantasma dono de áreas públicas griladas

Justiça bloqueia registros de 9 milhões de hectares

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Corregedoria Geral de Justiça do Pará bloqueou ontem as matrículas e registros cartoriais dos imóveis em nome de Carlos Medeiros, o suposto fantasma dono de 9 milhões de hectares de terras públicas griladas.
A corregedora Osmarina Sampaio Nery atendeu ao pedido conjunto do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), do Ministério Público e do Instituto de Terras do Pará.
As terras em nome de Carlos Medeiros, que jamais foi localizado pela Polícia Federal, abrangem áreas públicas da União e do Estado, inclusive reservas indígenas. Foram vendidas a dezenas de empresários do Sul e Sudeste.
"O bloqueio é a morte dessa quadrilha que usa esse espólio para vender terras ilegais. Agora eles não podem vender, repartir ou transferir registros", disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann.

Depoimento
Hoje, o ministro depõe à CPI da Grilagem de Terras Públicas na Amazônia. Na semana passada, ele anunciou o cancelamento de registros no Amazonas totalizando 5,3 milhões de hectares. Durante o depoimento à CPI, Jungmann fará uma radiografia das ações de combate a grilagem.
Para o ministro, a Justiça tenha sido uma aliada no combate a grilagem.
"A prisão do Falb Saraiva de Farias é o sinal que está na hora de acabar com a grilagem. Já sabemos como funcionam os esquema e estamos rastreando os outros envolvidos", disse, referindo-se ao empresário acusado de grilar 12 milhões de hectares.
Além de Jungmann, depõe também na CPI o general Alberto Cardoso, chefe do gabinete da Segurança Institucional da Presidência da República. Ontem, os deputados decidiram convocar os proprietários das empresas Agroindustrial Manacapuru e Companhia Amazonense, Aloysio e André Serwy, e pedir ao Ministério da Integração Regional o cancelamento dos projetos das empresas na Sudam.
As empresas Manacapuru e Amazonense receberam da Sudam R$ 25 milhões, mas os deputados constataram em vistoria que há pelo menos oito anos os projetos estão parados.

Recurso
Em Manaus, Falb contratou novo advogado, que ingressa hoje com pedido de revogação da prisão preventiva na Justiça Federal do Amazonas.
A CPI pediu a Justiça Federal a transferência dele da penitenciária pública para a Delegacia da Polícia Federal. "Ele detém informações extremamente valiosas sobre o processo. Tememos que no local e nas condições em que se encontra encarcerado, o preso possa vir correr risco de agressões e até mesmo morte", disse o deputado Luciano Castro (PFL-RR), presidente da CPI.


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