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OPERAÇÃO SOCIAL
Comunidade Solidária dará suporte a nova fase do programa
Expansão do Fome Zero usará estrutura montada por FHC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva resgata uma estrutura utilizada por Fernando Henrique
Cardoso para expandir o programa Fome Zero que, a partir de
maio, deve atingir mais 179 municípios do Nordeste e do Vale do
Jequitinhonha (MG).
Atualmente, o Fome Zero funciona em caráter experimental em
duas cidades do Piauí, Guaribas e
Acauã. O ministro José Graziano
(Segurança Alimentar) tem recebido críticas pela suposta demora
na implantação das medidas do
Fome Zero.
Oficialmente, o governo utiliza
o seguinte discurso: para reduzir
as chances de o principal programa social do governo Lula ser
usado como cabo eleitoral de prefeitos, o governo quer selecionar
cidades que já tem um "fórum de
desenvolvimento local" formado
pela sociedade civil. Esse fórum
foi criado no governo passado
dentro do Comunidade Ativa, um
dos programas do Comunidade
Solidária, presidido pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
O fórum reunia até 30 lideranças locais que foram treinadas pelo Comunidade Solidária para desenvolver pequenos projetos de
desenvolvimento local e acompanhá-los. O governo espera que
parte desse grupo também integre os comitês gestores, que é a
novidade que o PT quer criar nos
municípios, e que todos fiscalizem o programa.
Os 179 municípios para os quais
o governo quer levar o Fome Zero
já têm esse fórum montado porque fizeram parte do Comunidade Ativa. "Temos de aproveitar a
organização prévia dos municípios", disse José Baccarin, secretário-executivo do Comunidade
Solidária, que foi incorporado pelo Fome Zero.
Para Fábio Botelho, secretário-executivo do Ministério da Segurança Alimentar, quando a comunidade é organizada tem mais
condições de fiscalizar o andamento do programa.
Além de ter o fórum, outro critério para que essas 179 cidades
recebam o Fome Zero é fazer parte do semi-árido e ter tido estado
de emergência, por causa da seca,
reconhecido pelo governo.
Outro problema que o PT vai
enfrentar é convencer os prefeitos
a assinarem um termo de adesão
no qual aceitam as regras do Fome Zero. Os prefeitos precisam
concordar com a criação de um
comitê gestor - formado por dez
pessoas, sendo dois representantes da prefeitura, dois do Estado e
o resto da sociedade civil- que
terá poderes para cadastrar as famílias que serão atendidas e que,
na prática, tocará o programa.
No programa anterior, as prefeituras eram responsáveis pelo
cadastramento das famílias nos
vários programas sociais criados
por FHC. Como agora perdem
"poder" na seleção das famílias,
os prefeitos podem criar resistências. Prefeitos já avisaram ao ministro que eles é que possuem capacidade de avaliar melhor as necessidades locais.
Cadastro
Ontem, técnicos do Fome Zero
passaram o dia reunidos com representantes dos dez Estados para
onde o governo pretende levar o
programa: RN, PI,CE, PB, PE, AL,
SE, BA, MG e MA.
Hoje os programas sociais de
distribuição de renda (como o
Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação) beneficiam pessoas incluídas
no Cadastro Único -uma espécie de lista de todos os pobres do
país- feito no governo passado.
José Graziano e outros membros do governo têm dito que um
dos maiores problemas desse cadastro é que ele foi usado de forma eleitoreira. O resultado é que,
em muitas cidades, em vez de pobres, foram cadastrados cabos
eleitorais. Isso ocorreu, por exemplo, com parte dos cadastrados de
Guaribas (PI), uma das duas cidades onde foi implantado o piloto
do Fome Zero.
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