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Projeto sobre BC deve
ser barrado no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Primeiro projeto de peso do governo Lula no Congresso, a proposta do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) para fatiar o artigo 192 da Constituição -condição necessária para a aprovação
da autonomia do Banco Central- corre sérios riscos.
Mesmo que passe na Câmara,
onde ainda não foi votada, a proposta não deve ser aprovada no
Senado. Partido aliado ao governo, o PDT fechou acordo com
PFL e PSDB para que o projeto seja barrado no Senado.
Os líderes na Casa de PDT, Jefferson Péres, e PSDB, Arthur Virgílio, e o presidente do PFL, Jorge
Bornhausen, confirmaram à Folha que fecharam o acordo e disseram que tentam atrair também
o PMDB. O motivo principal da
briga é a manutenção do parágrafo 3º do artigo 192, que cria teto
para os juros reais (descontada a
inflação) da economia em 12%, na
proposta do deputado petista.
A outra razão é que o Senado já
aprovou em dois turnos a PEC
(Proposta de Emenda à Constituição) 53 -de autoria do senador
Péres-, que também permite a
regulação fatiada do artigo 192,
mas que revoga o teto de 12%.
Não foram poucas as palavras
duras contra a proposta do PT.
Arthur Virgílio disse que "o tabelamento dos juros é intelectualmente desmoralizante para o
país" e que "demonstra a falta de
vontade do governo para aprovar
a autonomia do BC".
Bornhausen disse que não tem
cabimento "manter a aberração
do teto de juros" na proposta e
que o PT tem adotado "a política
do escapismo" porque não consegue controlar sua base. O líder do
governo no Congresso, senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que não sabia que Péres era o
autor da PEC 53. Admitiu que foi
um erro não ter debatido o assunto antes com ele.
(LS)
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