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DURO DE ROER
Senador quer explicação da Presidência sobre uso de carro oficial para transportar cachorra
Cadela de Lula é tema de debate na Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cadela Michelle, a fox terrier
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e da primeira-dama Marisa,
foi tema ontem de debate na Câmara dos Deputados, onde foi
usada como fator de medição da
conduta ética de um governo.
A cachorra foi citada no plenário devido ao fato de ter sido levada anteontem em um carro de
uso exclusivo da Presidência para a Granja do Torto, onde ocorria uma reunião ministerial.
No Senado o fato também repercutiu. O senador Antero Paes
de Barros (PSDB-MS) vai encaminhar requerimento de explicações à Presidência da República sobre o uso de um veículo oficial para o transporte da cadela.
Na Câmara, Alberto Goldman
(SP), um dos vice-líderes do
PSDB, aproveitou um aparte ao
discurso de Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), que falava sobre suposta "paralisia" do governo, para emendar que o transporte da cadela em carro oficial
revelaria "pequenos e simples
atos de conduta e de caráter".
"Nunca soube que o cachorrinho da dona Ruth Cardoso [ex-primeira-dama] viajasse de carro oficial. Hoje tomei conhecimento de que a cachorra Michele, da dona Marisa, viaja de carro
oficial. Trata-se de questão de
conduta. (...) A conduta é algo
importante, principalmente em
se tratando do presidente da República", afirmou.
Momentos depois, o deputado
José Eduardo Cardozo (PT-SP)
pediu a palavra para defender o
governo. Afirmou que é inconcebível comparar ética e caráter
com um "cachorrinho", acrescentando que a "perda da soberania" que, segundo ele, ocorreu
no governo passado, é um fator
de melhor medida do caráter de
uma administração.
Leréia retomou a palavra: "Sobre a cachorrinha Michele, há
muita semelhança com presidentes americanos. O ex-presidente [Bill] Clinton tinha um cachorrinho de estimação e [George W.] Bush também tem, mas
quero sair desse assunto", disse
-e continuou a atacar o governo, mas com outros argumentos.
Paes de Barros justificou seu
pedido de explicações dizendo
ser "um abuso sem igual". "Quero saber quanto custou", disse,
lembrando que Lula corre o risco
de ser comparado ao ex-ministro
do Trabalho Antônio Rogério
Magri (governo Collor), que
usou um carro oficial para mandar sua cadela ao veterinário.
E Barros alfinetou: "Se fosse o
presidente Fernando Henrique
Cardoso, os petistas fariam uma
cachorrada para chamar a atenção". A assessoria da Presidência
não comentou o assunto.
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