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ALIADOS EM CRISE
FHC e Serra querem se distanciar de senador, enquanto Pimenta e Tasso tentam evitar ""crucificação"
Dividido, PSDB teme ônus de rifar Arruda
FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DE BRASIL
RAYMUNDO COSTA
COORDENADOR DE POLÍTICA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PSDB está desorientado e dividido sobre o que fazer com o senador José Roberto Arruda (DF),
ameaçado de ter o mandato cassado. A maneira com que o presidente Fernando Henrique se livrou do senador, aconselhando-o
a deixar a liderança do governo
imediatamente após a eclosão do
escândalo, desencadeou uma reação negativa de setores do tucanato. Teme-se que Arruda, uma vez
rifado, resolva fazer revelações
que possam comprometer a já arranhada imagem do governo.
No papel de líder no Congresso,
que exerceu durante certo período, e no Senado, Arruda seria
uma espécie de "arquivo ambulante". Teve acesso a muitos segredos. Inclusive sobre EJ, o ex-secretário-geral da Presidência
Eduardo Jorge Caldas Pereira,
que apoiou os adversários do senador em eleições de Brasília.
A ação de FHC para se livrar de
Arruda conta com o apoio de tucanos graúdos, como o ministro
José Serra (Saúde) e o governador
Dante de Oliveira (MT). O presidente esteve com Serra e foi aconselhado antes de dizer pessoalmente a Arruda que seria melhor
que se afastasse da liderança.
Anteontem à noite, porém, horas depois do depoimento de Regina Borges ao Conselho de Ética
do Senado, parte do tucanato reunido no casamento da filha de
Serra criticava o "açodamento"
de FHC.
Ainda na igreja, durante os
cumprimentos aos noivos, os governadores Tasso Jereissati (CE) e
Marconi Perillo (GO), além de Pimenta da Veiga (Comunicações)
e José Aníbal (Ciência e Tecnologia de São Paulo), se fecharam numa sala. Pimenta relatou aos demais que FHC havia sido apressado ao rifar o senador e que isso
poderia ter efeitos nocivos sobre o
PSDB. Houve consenso de que
Arruda havia cometido uma "bobagem enorme", mas também de
que não se deveria "entregá-lo às
feras". O desalento era geral.
Amigo pessoal de Arruda, Pimenta esteve ontem à tarde com o
senador para lhe dar apoio. O encontro foi sigiloso. Muito magoado, Arruda teria exposto suas
queixas e decepções com alguns
tucanos. Ouviu de Pimenta que a
situação é muito delicada, mas
que não há a intenção de abandoná-lo.
No casamento, porém, o secretário-geral do PSDB, Márcio Fortes, dizia que estava orientando
amigos a aconselhar Arruda a se
licenciar do partido.
Ontem, Tasso almoçou em São
Paulo com o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG). Preocupados, abordaram o caso Arruda. A
conversa terminou num impasse:
avaliaram que não há espaço para
nenhuma operação abafa, mas
que o partido também não deve
crucificar o senador.
A Executiva Nacional do PSDB
recebeu de pelo menos uma seção
da legenda o pedido de expulsão
de Arruda. A tendência é que as
bases tucanas pressionem a cúpula cada vez mais nesse sentido.
O caso Arruda atinge o PSDB e
o governo num momento delicado. Na reunião que fez em Belém
(PA), no fim de março, a cúpula
do partido havia desencadeado
uma operação de limpeza de imagem para separar-se de PMDB e
PFL. Os tucanos, porém, cancelaram a próxima reunião, que fariam no dia 28, em Maceió (AL).
Atingido pelo escândalo, o
PSDB não conseguiu chegar a um
entendimento em torno da sucessão do senador Teotônio Vilela
Filho na presidência da legenda.
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