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Depoimento teve bate-boca, mas acabou com tapinhas nas costas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um Márcio Thomaz Bastos
frio, mas com algumas explosões
que surpreenderam deputados,
foi submetido a momentos de
constrangimento durante quase
oito horas de depoimento, com
cerca de 40 perguntas.
O clima de cordialidade que se
anunciava acabou não se confirmando. A sessão chegou a ser interrompida por um bate-boca.
O momento de maior embaraço
para o ministro veio numa pergunta do deputado João Almeida
(PSDB-BA). "Ministro, eu me
meti numas trapalhadas lá na Bahia e preciso de um advogado. Será que o sr. não me arruma?"
Era referência a uma frase dita
pelo ministro de que freqüentemente consegue advogados a
quem pede. O presidente da sessão, Sigmaringa Seixas (PT-DF),
interveio e Bastos não respondeu.
Ao ouvir do líder do PSDB, Jutahy Júnior (BA), que o governo
montou uma operação para desmoralizar o caseiro Francenildo
Costa, Bastos disse que seu interlocutor estava sendo "preconceituoso". "O que V. Exa. fez aqui foi
um discurso dentro de um clima
de disputa política."
Em seguida, irritou-se com Rodrigo Maia (PFL-RJ), que questionou a afirmação do ministro de
que "queimou as pontes com a
iniciativa privada". Para Bastos,
Maia fez um "libelo baseado em
recortes de jornais". Depois, pediria desculpas, dizendo que se
exaltara pela falta de intimidade
com o Parlamento.
Gentilezas
Após uma hora de sessão, os
atritos deram lugar a perguntas
educadas e gentilezas protocolares. Desatento, Vicente Arruda
(PSDB-CE) causou gargalhadas
ao chamar o caseiro de "porteiro". Tentou se corrigir, mas acabou referindo-se a ele como "carteiro". Seguiram-se novas risadas.
Sentado de costas para um quadro mostrando Tiradentes diante
de seus carrascos, Bastos socorria-se de seu assessor Marcelo Behar, ao seu lado, para checar dados. Algumas vezes pedia encorajamento. "Fui bem? Fui bem?"
Entrando na segunda metade
da sessão, o clima era de tédio
-logo interrompido por uma
troca de impropérios entre os pernambucanos Fernando Ferro
(PT) e Roberto Magalhães (PFL).
O petista elencava denúncias de
corrupção no governo tucano
quando foi interrompido por Magalhães. "V. Exa. está fazendo discurso de comício, de panfleto."
Ao acusar Ferro de agir de forma
"ditatorial", Mahalhães provocou
o petista. "Ditadura quem serviu
foi V. Exa. quando líder do PDS
[sucessor da Arena, partido de
sustentação do regime militar]!"
Ferro e Magalhães, de pé e aos
gritos, iniciaram troca de insultos.
A sessão foi interrompida.
O tucano Alberto Goldman (SP)
comparou o presidente Lula e o
ex-ministro Antonio Palocci a
Macunaíma, o "herói sem caráter" da obra de Mário de Andrade. "V. Exa. está extrapolando",
disse Sigmaringa, que mandou
retirar a expressão da ata.
No final, Bastos foi agraciado
com um depoimento elogioso de
Francisco Escórcio (PMDB-MA),
que disse estar com o "espírito
cheio de felicidade" por encontrá-lo. A sessão acabou com todos
trocando tapinhas nas costas.
(FZ E MS)
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